sábado, 1 de abril de 2017

SALMO 100 - APRENDENDO A RENDER GRAÇAS AO SENHOR

SALMO 100 - APRENDENDO A RENDER GRAÇAS AO SENHOR
Rev. João Ricardo Ferreira de França
Introdução:
      O salmo que temos diante de nós é um salmo bastante conhecido. Não existe cristão que não o conheça. O livro de Salmos é o mais importante do Antigo Testamento. O que significa o título deste livro? “A Bíblia Hebraica simplesmente chama o Livro dos Salmos, tehillim, em hebraico "Louvores".”[1]Kraus nos lembra que os judeus que “falam hebraico ou aramaico, o ‘saltério’, que conta com 150 salmos, conhecem o livro pelo “título de ~yLihiT. (tehillîm) = ‘cânticos de louvores’, ‘cânticos de adoração’, ‘hinos’.[2]
Muitos ignoram que o Saltério é a formação de cinco livros (Liv. I cap.1-41; Liv II cap. 42-72; Liv III cap. 73-89;  Liv. IV cap.90-106; Liv.V cap.107-150).]
      Este salmo é um cântico de triunfo do nosso Deus. Alguns tem sugerido que este poema foi composto para “a companhar a apresentação de uma oferta em ações de graças ao Senhor”[3] Na igreja primitiva, o salmo 100 era usado para as orações matutinas, e com o passar do tempo ele foi usado para chamar o povo a adoração. Este salmo pode ser estruturado em três ideias fundamentais:
1.      Convite para adoração (vs. 1-3)
2.      Convite para a gratidão (vs.4)
3.      A razão para a gratidão (vs.5)
Consideremos:

I – O CONVITE PARA ADORAÇÃO (vs.1-3)
          O escritor deste salmo inicia a sua poesia de forma bastante interessante. Ele começa com uma informação importante. Este poema trata-se de um “מִזְמ֥וֹר ” [ salmo] ele é litúrgico! Foi feito para ser cantado. As palavras inicias deste salmo são parecidas com o as do salmos 98.4 “Celebrai com júbilo ao SENHOR, todos os confins da terra; aclamai, regozijai-vos e cantai louvores.
1.      Convite missiológico:

            Percebemos que o convite é missiológico, ele é universal. Uma vez que Yahweh é o senhor do universo inteiro, ele tem o direito de chamar toda a sua criação ao culto, ou seja para louvá-lo.
“celebrai” [הָרִ֥יעוּ (hari’u)]. Aqui  o sentido é de estar disposto para louvar e presta-lhe honra.
2.                  É um convite para o culto: No verso 2 temos o poeta diz “servi” no hebraico temos a palavra “עִבְד֣וּ (‘iveru)" que pode ser traduzida por “culto”, pois, esta palavra possui uma gama de significados:
a.      Pode indicar a ação de um escravo “servo”[Jeremias 34.14 – “Ao fim de sete anos, libertareis cada um a seu irmão hebreu, que te for vendido a ti e te houver servido seis anos, e despedi-lo-ás forro; mas vossos pais não me obedeceram, nem inclinaram os seus ouvidos a mim.”]
b.      O exercício dos súditos em relação ao soberano [Jeremias 27.7 - Todas as nações servirão a ele, a seu filho e ao filho de seu filho, até que também chegue a vez da sua própria terra, quando muitas nações e grandes reis o fizerem seu escravo. ]
c.       O serviço prestado ao Senhor [Êxodo 23.25 - E servireis ao SENHOR vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do meio de vós as enfermidades. ]

As nações gentílicas são aqui convocadas pelo salmista a adorarem aquele que é soberano; e isso começa com o culto que nós prestamos; o culto tem como alvo nos preparar para sermos missionários. Como? Anunciando e convocando as nações para o culto, para a celebração pactual, daí o nome divino ser enfatizado neste salmo [יְהוָ֣ה ]
Mas, como deve ser este culto? Como deve ser este servi ao Senhor? A resposta ainda está aqui no verso 2 – “servi ao senhor com alegria” ou como diz o hebraico “בְּשִׂמְחָ֑ה  - em alegria”. O culto ao senhor deve ser jubiloso! Devemos serví-lo com o coração alegre; obedecer com alegria as suas leis! Suas ordenanças, seus preceitos e tudo aquilo que ele requer que façamos devem ser feito com alegria. E entrar na sua presença com louvor. No original aqui o sentido é estar diante de sua face com louvor, a palavra “פָנָ֗יו ” que significa literalmente: “face ou rosto”, aqui indica que nossa atitude litúrgica deve ser alegre porque estamos diante de Deus em toda a celebração pactual; a nossa tradução diz que devemos entrar na presença de Deus com um hino, na verdade o original declara que devemos entrar com “um grito de alegria”. Um louvor alegre diante dele!

3.        É um convite para conhecer ao Senhor: O convite para a adoração envolve a ideia de se convidar os homens para conhecer a Deus. Conforme vemos no verso 3: “Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.”
Aqui o imperativo do verbo “conhecer” [דְּע֗וּ ] foi traduzido por “saber”, o que está aqui em voga é a ordem de Deus! Mas o que significa conhecer a Deus aqui? Equivale a confessá-lo, a amá-lo. Precisamos conhecer a Deus, pois, somente assim poderemos a amá-lo de forma desinteressada, sem baraganhas, amá-lo simplesmente porque ele é o nosso Deus; por que precisamos conhecer a Deus?
  1. Porque foi ele quem nos criou
  2. Porque ele nos fez seu povo
  3. E nos tornamos por sua vontade, suas ovelhas e ele é o nosso Pastor supremo!
O Salmista reflete sobre a soberania de Deus. Primeiro, revelando que nos fez “עָ֭שָׂנוּ (ashanu)” o sentido é fazer manufaturado; Deus é criador do seu povo; a doutrina da eleição se vê claramente no texto, pois, nos dize que “foi ele quem nos fez, e dele somos (Salmos 100:3 ARA)” .
II – O CONVITE PARA AÇÕES DE GRAÇA (vs.1, 4)
Agora devemos nos lembrar que este salmo é um convite para a agradecer a Deus. Nós estamos aqui nesta noite para agradecermos a Deus. Porque sabemos que este salmo é um salmo de agradecimento. Primeiro porque o primeiro verso deste salmo nos indica isso “מִזְמ֥וֹר לְתוֹדָ֑ה (mizemor letodah)” que lit. significa “melodia para sacrifico de ações de graça” isso o coloca entre os salmos de ações de graça.  O termo “תוֹדָ֑ה” não está precisamente claro, será que trata-se do sacríficio de ações de graças?
1 Esta é a lei das ofertas pacíficas que alguém pode oferecer ao SENHOR. 12 Se fizer por ação de graças, com a oferta de ação de graças trará bolos asmos amassados com azeite, obreias asmas untadas com azeite e bolos de flor de farinha bem amassados com azeite. 13 Com os bolos trará, por sua oferta, pão levedado, com o sacrifício de sua oferta pacífica por ação de graças. 14 E, de toda oferta, trará um bolo por oferta ao SENHOR, que será do sacerdote que aspergir o sangue da oferta pacífica. 15 Mas a carne do sacrifício de ação de graças da sua oferta pacífica se comerá no dia do seu oferecimento; nada se deixará dela até à manhã.
 (Lev 7:11-15 ARA)
Ou será que se trata do cântico de ações de graças? Ou ainda trata-se da liturgia de ações de graças[4], a resposta certamente encontra-se aqui no verso 4: “4 Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de louvor; rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome. (Salmos. 100:4 ARA)
Temos aqui um convite para a adoração cheia de gratidão diante do senhor. Há um imperativo para se achegar ao ato de adoração “בֹּ֤אוּ (bob’u)” “venham para entrar” – entrem! Aqui figura-se aqui a ideia dos sacerdotes nas portas dos átrios (Templo ? ou Tabernáculo?) conclamando todo o povo à adoração!
Entrar pelas portas, pode se referir, exatamente a entrar pelos portões do templo. Os que entram no templo e se apresentam em seus átrios são encorajados a chegar-se com jubilosa gratidão diante do Senhor.

III  - O  MOTIVO PARA A GRATIDÃO (vs.5)
            O poeta termina oferecendo as bases da gratidão a Deus. As razões são sumarizadas aqui no texto de forma ímpar. Por que você deve prestar um culto de gratidão a Deus? Não porque tenha recebido alguma bênção provinda do Senhor! Não! O motivo, a base de prestarmos um culto de gratidão é bondade de Deus! Deus é bom!
            O adjetivo hebraico “ט֣וֹב ” [tov] aponta para a bondade intriseca do ser divino. Deus é supremamente bom, por isso, merece culto, adoração e atos de ações de graça! A segunda motivação que devemos deter para o ato de ações de graça é a certeza do “amor eterno de Deus”, a palavra hebraica “חַסְדּ֑וֹ (haseddo)” foi traduzida por “misericórdia”, na verdade aqui deveria ser traduzida por “amor pactual” é uma amor que perdura e que será louvado pelas gerações seguintes por causa da verdade “אֱמוּנָתֽוֹ (‘emunatho)” ou fidelidade. Aqui a ideia é de que o amor de Deus é eterno, bem como a sua geração subsiste para sempre.



[1] HARMAN, Allan. Salmos. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 14.
[2][2] KRAUS, Joaquim Hans. Los Salmos
[3] HARMAN, Allan. Salmos. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.350.
[4] KRAUS, Joaquim Hans. Salmos. Volume 2. p.384.

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