segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

EFÉSIOS 1.3 - LOUVANDO AO DEUS DA ALIANÇA

LOUVANDO AO DEUS DA ALIANÇA.
Exposição Bíblica em Efésios 1.3:
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, (Eph 1:3 ARA)”
INTRODUÇÃO:
            Após contemplarmos Paulo lidando com a questão da graça de Deus em termos tão chocante, agora nos deparamos ainda mais com essa certeza de a graça age em nosso favor, mesmo sem merecermos. A maior questão sobre este tema importante é que muitos de nós ignoramos as doutrinas relacionadas com a graça de Deus; ou seja, é a falta de conhecimento que reduz a nossa percepção da graça libertadora de Cristo Jesus.
            A falta de conhecimento “sempre foi o maior problema do povo de Deus”. Essa foi uma das mensagens de Oséias desde o Antigo Testamento. Ele assegurava que o povo de Deus naquele tempo estava morrendo “por falta de conhecimento” (Oséias 4.6). Este texto tem grandes verdades, profundos ensinos que precisamos estudar neste momento:
I – COMPREENDER A VERDADE DA REDENÇÃO SEMPRE NOS LEVA O LOUVOR.
            Considere comigo como o apóstolo começa este versículo. “Bendito...” “Εὐλογητὸς (Eph 1:3 BGT)” este adjetivo grego aponta para alguém que é digno de todo o louvor. O apóstolo Paulo começa de forma categórica aclamando Deus como sendo o objeto digno de todo o louvor.
            Qual é a intenção de Paulo aqui ao usar este adjetivo? Calvino ressalta que a intenção do apóstolo era de incitar “o coração dos efésios à gratidão, deixá-los todos inflamados e, assim, enchê-los, até o transbordamento”.
            Veja como está escrito “Bendito o Deus...” em outras palavras é “louvado seja Deus” – ao compreender a ação da graça redentora do Deus trino devemos render graças a Deus. O louvor rompe em nossos lábios quando realmente entendemos a doutrina da graça e soberania de Deus conforme apresentada nas páginas das Escrituras.
            O Louvor faz parte da vida cristã. O louvor é simplesmente inevitável. Se de fato captamos o que significa as palavras “graça” e “paz”, conforme vimos domingo passado; então, não podemos ter outra atitude senão louvar a Deus.
            Essa nota de louvor expressa por Paulo serve também como uma forma de mostrar o contraste gritante entre o crente e o incrédulo. Uma vez que a “graça” e “paz” que os santos desfrutam é resultado da obra de Cristo, logo o louvor surge nos lábios dos que são alvos dessas verdades. Por isso, o louvor deveria ser a característica essencial de todos os santos – Deus deve ser visto como “Bendito”. Eis, aqui o que nos diferencia do mundo, pois, o mundo é deveras “mísero e infeliz; vive cheio de maldições e de queixas. Entretanto, o louvor, a ação de graças e contentamento marcam o cristão e mostram que ele não mais do mundo. Isso tudo porque ele aprendeu a dizer “Bendito o Deus...”!
            Mas, isso tem implicações para o culto que oferecemos a Deus. No culto nós louvamos a Deus com a mente e com coração; ou seja, não devemos vir a igreja para simplesmente buscar as bênçãos de Deus, ou mesmos, simplesmente para ouvir sermões – devemos vir à igreja servir e adorar a Deus. E dizer no culto com o coração cheio de alegria e com mente mergulhada nesta verdade “Bendito o Deus e pai....”.
II – DEUS DEVE SER LOUVADO
            O segundo princípio que o nosso texto estabelece para nós. É que o Deus Trino deve ser louvado. Mas, pelo quê você tem louvado a Deus? Talvez você louva a Deus porque ele lhe deu uma boa casa, um bom emprego ou coisa do tipo; entretanto, aprendemos aqui que “Deus deve ser louvado porque Ele é o que Ele é.” Ele não existe para satisfazer os nossos caprichos, as nossas determinações, ele precisa ser louvado porque ele é o nosso Deus e pelo o que ele fez em nosso  favor, nos resgatando da morte e do inferno.
            Devemos louvar a Deus porque ele nos tem abençoado. Isso é importante porque note como o nosso texto apresenta isso: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado” – quero chamar a sua atenção para essa expressão: “que nos tem abençoado” no grego temos a seguinte construção: “ὁ εὐλογήσας ἡμᾶς (Eph 1:3 WHO)”
            Isso é deveras importante em nossos dias, pois, se tem ensinado na igreja atual que Deus nos abençoará indicando algo futuro; os tele evangelistas dizem – façam isso, façam aquilo, se esforcem porque Deus abençoará vocês. Mas, notem como Paulo usa o passado “que nos tem abençoado”.
            O tempo verbal aqui no grego indica uma ação passada  mas com resultados prolongados. Ou seja, Deus já nos abençoou de forma plena e completa. Então, ele deve ser louvado porque ele já fez e tem feito isso! Ele já nos abençoou. Ele nos deu não algumas bênçãos, como tem ensinado o sistema pentecostal, pelo contrário, ele já nos legou todas as bênçãos espirituais que carecíamos..
III – DEVEMOS CONSIDERAR A MANEIRA PELA QUAIS TAIS BENÇÃOS VEM A NÓS.
            Considere mais uma vez o nosso texto: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, (Eph 1:3 ARA)”. Percebem? Estas bênçãos vem até cada um de nós em Cristo Jesus.
            Ora, a igreja evangélica atual tem rejeitado esse princípio imperecível, pois, ela tem pregado as bênçãos pelo esforço humano. Aquele linguajar “tem que pagar o preço” ou “eu paguei o preço para ser abençoado assim”, mas o que evangelho ensina aqui para nós é que isso nos vem somente e unicamente em Cristo. Todas as bênçãos vêm exclusivamente no Senhor Jesus e por intermédio dele. Ele não tem assistente algum [ não tem Maria, não tem Pedro, não tem José, não tem Paulo] é somente ele e nele. Porque ele é o único mediador entre Deus e os homens.
            Isso revela-nos a necessidade de irmos a Cristo com tudo o que somos para obter dele tudo que ele nos outorga como beneficio de seu sacrifício na cruz do calvário.
IV – CONSIDEREMOS A NATUREZA DESSAS BENÇÃOS
            Paulo procura ressaltar a natureza dessas bênçãos sobre os santos, ele declara: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual
            Aprendemos aqui que as bênçãos são espirituais. Essas bênçãos vem de Cristo conforme vimos, entretanto, podemos dizer que são bênçãos mediadas pelo Espírito Santo. É o Espírito Santo quem nos possibilitar a termos tais bênçãos em nossas vidas. O termo espirituais aqui no grego “πνευματικῇ (Eph 1:3 WHO)” tal adjetivo indica       que tais bênçãos são também outorgadas e aplicadas pelo Espírito – apontando para a natureza espiritual das bênçãos descritas aqui.
            Isso é importante, pois, o cenário evangélico atual tem ensinado que os crentes devem buscar bênçãos materiais, por meio de campanhas, jejuns e até doação financeira na igreja.
            E a posição real dessas bênçãos aplicadas pelo Espírito restringe-se aos “lugares celestiais em Cristo...” ou seja, tais bênçãos elas vem dos céus para nós, descem do trono de Deus para os seus eleitos; não temos participação algum nisso, é o Espírito Santo que vem até nós aplica a obra de Cristo em nossas vidas. Conforme já vimos  são todas as bênçãos em Cristo Jesus nada falta e a perspectiva de Paulo é sempre nas regiões celestiais em Cristo.


sábado, 26 de dezembro de 2015

FILEMON: VIRTUDES QUE ADORNAM A VIDA CRISTÃ

Exposição Bíblica
Carta de Paulo a Filemon
Tema: VIRTUDES QUE ADORNAM A VIDA CRISTÃ
Pr. João Ricardo Ferreira de França.
Introdução:
            A carta que temos diante de nós é de suma importância à vida cristã; pois, lida com questões relacionadas ao dever do cristão frente a problemática da escravidão, da compaixão cristã, do amor altruísta e libertador que o crente proclama e deve viver na sociedade como um todo.
Elucidação:
Ocasião e o propósito da carta.  Esta carta é reconhecidamente a mais curta do corpus paulino, alguns estudiosos tem classificado como um bilhete pessoal de Paulo a um cristão chamado Filemon. Entretanto, ao associar Timóteo (Filemon 1.1) nas linhas inicias deixa-nos claro que trata-se de uma carta para ser lida no culto público. A ocasião da escrita se dá quando um personagem chamado Onésimo comete um ato injusto ao seu senhor que   é Filemon e foge, ao fugir provavelmente é preso e encontra-se com Paulo na prisão, este por sua vez o evangeliza, e o traz a fé cristã. A natureza do delito não é descrita em detalhes, Onésimo provavelmente tenha furtado ao seu Senhor (vs.18), mas a lei romana estabelecia que quem desse abrigo a um escravo que cometeu tal ato ilícito deveria reparar os danos causados ao senhor é o que parece indicar o verso  19: “Eu, Paulo, de próprio punho, o escrevo: Eu pagarei -- para não te alegar que também tu me deves até a ti mesmo.”
            A lei na época estabelecia que o escravo fugitivo deveria ser açoitado e em alguns casos crucificado por traição. Paulo intercede por Onésimo para que Filemon o perdoe, o pedido de Paulo era revolucionário para a época porque a Lei romana determinava outra coisa. Essa ação de Filemon deveria ser algo voluntário (vs.14)
Local e data:
            Há uma discussão sobre o local e a data da escrita desta carta. De onde Paulo escreveu esta epístola? Alguns sugerem que fora em Roma, entretanto, nos parece que a carta foi escrita de Éfeso  quando Paulo estivera preso provavelmente no ano 55 A.D.
As Virtudes da Vida Crista:
Quais são as virtudes que adornam a vida cristã?
I – O DESEJO DE PROMOVER A UNIDADE NA IGREJA DE DEUS (vs.1-3)
Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom, também nosso colaborador, e à irmã Áfia, e a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que está em tua casa, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
            Paulo inicia esta carta colocando-se como “prisioneiro de Cristo Jesus” a palavra prisioneiro na língua grega “δέσμιος (Phm 1:1 BGT)” é usada para referir-se a uma prisão factual. Ao identificar-se como prisioneiro de Cristo Jesus no grego indica que ele está escrevendo como um comissionado (um escravo) de Cristo para comunicar as verdades de Deus e que sua mensagem deve ser aceita como autoritativa.
            Na carta se menciona Timóteo e o endereçado que é Filemom. Filemom é chamado de amado “ἀγαπητῷ (Phm 1:1 BGT)” alguém por quem Paulo nutria um amor sacrificial, Filemon era “colaborador” do evangelho juntamente com sua esposa Áfia; e Arquipo era também companheiro de lutas, uma vez que assumira as funções pastorais de Epafras naquela comunidade.
            Como Filemom era cooperador na obra do evangelho? Somos informados que ele acolhia a igreja de Deus em sua casa. A igreja aqui certamente era a de Colossenses. E, o apóstolo desejara “a graça e a paz” na vida da Igreja que ali se reunia para promover a unidade e o amor cristão, pois, Judeus e gentios principalmente adoravam ao Deus vivo e eram escravos de Cristo Jesus.
II – A DEMONSTRAÇÃO DE AMOR E ZELO PARA COM TODOS OS SANTOS (VS.4-7)
4 Dou graças ao meu Deus, lembrando-me, sempre, de ti nas minhas orações, 5estando ciente do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus e todos os santos,  6 para que a comunhão da tua fé se torne eficiente no pleno conhecimento de todo bem que há em nós, para com Cristo. 7 Pois, irmão, tive grande alegria e conforto no teu amor, porquanto o coração dos santos tem sido reanimado por teu intermédio.
            Agora neste momento Paulo quer cientificar a Filemom que sempre agradece a Deus pela existência daquele irmão; ele o faz sempre em orações em favor de Filemon. Mas, a grande questão é por que Paulo sempre lembra-se desse crente? Por que ele está sempre lembrando de Filemom em suas orações? E a resposta está no fato de que este irmão tem adornado a sua vida cristã com atitudes singulares de um crente. Paulo agradece pela vida de Filemom porque “ouviu” a respeito a respeito do amor e da fé que eram demonstrados a Cristo e aos santos por aquele crente. (vs.5)
            Estas duas virtudes cristãs “amor e fé” para com Jesus Cristo e todos os santos, motivaram a Paulo a agradecer pela vida de Filemom como um cristão dedicado a Deus e a sua igreja. Este amor era direcionado a Cristo “no sentido de aspirar a seguir a Cristo” bem como para com toda a “família de Deus” reunida na igreja.
            Nos versos 6 e 7: “6 para que a comunhão da tua fé se torne eficiente no pleno conhecimento de todo bem que há em nós, para com Cristo. 7 Pois, irmão, tive grande alegria e conforto no teu amor, porquanto o coração dos santos tem sido reanimado por teu intermédio.”
            Paulo ressalta a finalidade de sua gratidão que consiste no fato de que a “comunhão” (ἡ κοινωνία (Phm 1:6 WHO)) da fé fosse eficiente na prática de todo bem; é como se Paulo desejasse que essa fé de Filemom viesse a ser demonstrada em “generosidade por meio do serviço amoroso” no pleno conhecimento do bem que deve haver nos crentes, uma vez isso demonstrado não para com os homens, mas para com Cristo.
            Paulo no verso 7 dirige-se a Filemom transbordante de alegria obtidos em conforto promovidos pelo amor que este irmão demonstrara, isto porque o coração da comunidade era reanimado constantemente por intermédio dele.
            A palavra grega para “conforto” é [παράκλησιν (Phm 1:7 WHO)] que significa encorajado. E o termo “reanimado” no grego é “ἀναπέπαυται (Phm 1:7 WHO)” (anpepautai) que significa trazer “refrigério” com o sentido de renovação depois do sofrimento – aquela igreja estava sem seu pastor durante muito tempo (Epafras) e por vezes poderia até esmorecer, mas um irmão da comunidade reanimava o coração dos santos constantemente. E o velho apóstolo encontrava-se encorajado a continuar o trabalho e a jornada frente às igrejas de Deus.
III – NA PRÁTICA DA PIEDADE CRISTÃ (VS.8-25)
8 Pois bem, ainda que eu sinta plena liberdade em Cristo para te ordenar o que convém, 9 prefiro, todavia, solicitar em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o velho e, agora, até prisioneiro de Cristo Jesus; 10 sim, solicito-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas.  11 Ele, antes, te foi inútil; atualmente, porém, é útil, a ti e a mim.  12 Eu to envio de volta em pessoa, quero dizer, o meu próprio coração. 13 Eu queria conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar, me servir nas algemas que carrego por causa do evangelho;  14 nada, porém, quis fazer sem o teu consentimento, para que a tua bondade não venha a ser como que por obrigação, mas de livre vontade. 15 Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre, 16 não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo, especialmente de mim e, com maior razão, de ti, quer na carne, quer no Senhor.  17 Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo. 18 E, se algum dano te fez ou se te deve alguma coisa, lança tudo em minha conta.  19 Eu, Paulo, de próprio punho, o escrevo: Eu pagarei -- para não te alegar que também tu me deves até a ti mesmo.  20 Sim, irmão, que eu receba de ti, no Senhor, este benefício. Reanima-me o coração em Cristo.
            Esta seção trata do pedido de Paulo direcionado a Filemom em favor de Onésimo (vs.8-10). O apóstolo Paulo poderia ordenar a Filemom a agir de forma cristã em relação a Onésimo, visto ser Paulo uma autoridade apostólica singular neste contexto; entretanto, ele tenta persuadi-lo a agir com amor (vs.9), pois, a igreja é a comunidade do amor, não do ódio, da ira e de rancores. Pois, quem está solicitando essa ação piedosa em amor é Paulo o embaixador (o velho - πρεσβύτης (Phm 1:9 BYZ)) que se encontra em algemas pelo evangelho.
 A palavra solicitar (vs.10) aqui tem o sentido de encorajar; ou seja, Paulo está encorajando a Filemom a agir de acordo com a prática da lei do amor e não de Roma. Revelando assim o seu propósito em escrever esta carta. Paulo chama Onésimo de seu filho “gerado entre algemas” usando  a metáfora da paternidade, revelando que tinha agora autoridade espiritual sobre Onésimo.
No verso 11 – Paulo usa um jogo de palavras com o nome do escravo. Este nome era muito comum na época, muitos escravos recebiam o designativo de “Onésimo” que significa “útil”. Paulo diz que antes da conversão o Escravo de Filemom era inútil, mas agora é útil tanto a Filemom como a Paulo na causa do evangelho. Então, Paulo toma a decisão de enviá-lo novamente a Filemom. Mas, de forma dramática Paulo diz que está enviando o seu próprio coração (vs.12), o desejo de Paulo é que Onésimo seja seu ajudante na obra missionária (vs.13) e o pedido de Paulo é claro sobre isso, caso o escravo ficasse livre o mesmo deveria voltar para servir a Paulo no trabalho laborioso da proclamação do evangelho.
Entretanto, o apóstolo não quis fazer nada sem a autorização de Filemom (vs.14) revela-nos o caráter Paulo em cumprir a demanda legal neste assunto, pois, um escravo fugitivo deveria ser devolvido ao seu dono legal. Paulo apela para a consciência de Filemom no que respeita a tratar de modo digno Onésimo. Paulo relembra no verso 15 que o escravo havia sido tirado dele temporariamente para que pudesse reavê-lo, o apóstolo vê nisso a mão da providência, pois, agora Onésimo não mais um escravo que ao morrer não teria o caminho dos santos, pelo contrário agora ele tem morada eterna – por isso Filemom o tem para sempre!
Nos versos 16-20: somos introduzidos ao apelo de Paulo pela prática da piedade de Filemom em relação ao escravo.
            O apóstolo assegura que Filemom recebesse a Onésimo não como um escravo,  mas muito acima disso, como um irmão caríssimo,  mas de forma dramática Paulo se coloca no lugar do escravo e pede que Filemom o trate como se tivesse tratando a Paulo.
            O apóstolo ainda assegura cobrir todos os prejuízos ocasionados pela fuga de Onésimo, mas ressalta que o próprio Filemom devia sua vida cristã a Paulo, pois, fora o apóstolo quem o havia conduzido à fé cristã. (vs.18-19); e o desejo de Paulo é que Filemom aja com piedade cristã para que seu coração seja novamente reanimado em Cristo. (vs.20)
            Paulo está certo da obediência de Filemom (vs.21) e deseja em breve visitar a igreja, pois, está ciente de que está continua orando por ele. E termina enviando as saudações de todos os que labutam com ele no ministério cristão: Epafras que estava preso por causa do testemunho de Cristo; Marcos, aristarcos e Demas (quando ainda servia a verdade) e Lucas  cooperadores. O desejo de Paulo é que a graça de Cristo estivesse presente na vida de Filemom a despeito de toda a situação que estava vivendo.            

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

EXPOSIÇÃO BÍBLICA: Efésios 1.1-2.

“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem em Éfeso e fiéis em Cristo Jesus, raça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.” (Efésios 1.1-2)
Introdução: Ao abordarmos esta Epístola, confesso francamente que tenho um senso de completa incapacidade ao fazê-lo. Um escritor chegou a dizer que esta carta é a “coroa e o clímax de toda a teologia Paulina”. E certamente não é uma descrição tola, ou menos rica, mas descreve apropriadamente este grande livro que temos diante de nós.
         O tema geral da Epístola é proposto logo aqui neste versículo. Isso é característico do Apóstolo Paulo.  Veja, como ele se coloca como “Paulo, Apostolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus” – ai está! O tema da epístola, primeiramente e acima de tudo é Deus  - tudo vem a existência por causa da “dia. qelh,matoj qeou/”. O apóstolo sempre começa dessa maneira, e é assim que todo o cristão deve começar ao estudar a revelação de Deus na Bíblia.
         A Bíblia é o livro de Deus, é uma revelação de Deus e o nosso pensamento sempre deve começar com Deus. Do principio ao fim, a mensagem da Bíblia é tem o propósito de nos levar de volta para Deus, humilhar-nos diante de Deus e habilitar-nos a ver a nossa real relação com ele.
         A carta de Efésios nos coloca face a face com Deus – ela salienta a glória  e a grandeza de Deus; vemos neste primeiro capítulo a tônica da glória de Deus ser ecoada de forma única e singular. “eivj e;painon do,xhj auvtou/” – para o louvor de sua glória (vs.11). – o que podemos aprender aqui nesta passagem das Escsirutras? Podemos aprender sobre o supremo propósito de Deus; podemos aprender sobre a soberania de Deus. Vejamos:
I – EM PRIEMEIRO LUGAR CONSIDEREMOS A SOBERANIA DE DEUS DEMONSTRADA.
         Notem como Paulo chega de imediato a este ponto “Paulo, Apostolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus” – Não por sua própria vontade! Paulo não chamou a si mesmo, a igreja não o chamou; foi Deus mesmo quem o chamou. Ele é apóstolo pela vontade de Deus. Ele expõe isso muito explicitamente. Há certamente uma ênfase na soberania divina – o apostolo usa aqui no grego a preposição “dia” – pela . que rege um substantivo no caso do genitivo “thelematos Theou” – que comunica a ideia de uma posse, de pertencente a alguém, mas aqui especificamente indica a origem – o chamado de Paulo para pastorear a igreja do Senhor nasceu na vontade soberana de Deus.
         Quando analisamos e estudamos esta epístola certamente  que foi Deus quem escolheu soberanamente cada cristão em Cristo Jesus.; foi Deus quem nos predestinou. Faz parte do supremo propósito de Deus que sejamos salvos.
         Toda esta epístola nos diz que devemos sempre contemplar a salvação desta maneira. Não devemos partir de nós e depois acender até Deus; mas devemos partir da soberania de Deus – em outras palavras não devemos partir da falsa doutrina do livre-arbítrio, mas devemos partir da soberania de Deus que anula o nosso orgulho e soberba!
II – EM SEGUNDO LUGAR CONSIDEREMOS AS QUALIDADES DA VIDA CRISTÃ DESCRITAS AQUI.
         Paulo nos apresenta não somente os conceitos da soberiana de Deus nesta carta; mas nos apresenta as qualificações dos cristãos que seguem e que são achados pela vontade de Deus. Ele chama os crentes daquela cidade de a`gi,oij– este grande vocábulo grego nos ensina algo fundamental sobre o nosso cristianismo.
         Somos chamados por esta vontade de Deus para sermos santos. Consagrados, separados do mundo – o sentido de ser separado aqui não é ser alienado do mundo – mas o sentido é ser a diferença neste mundo que nos cerca, não é ser santo apenas no domingo, ou transformar nossa religião em algo privativo ao domingo, e nunca levar para a nossa vida, para a nossa sociedade, faculdade, trabalho e família.
         Note como Paulo aplica isso em nosso texto ele diz – “aos santos que estão em Éfeso”. Os crentes eram santos não nas quatro paredes do templo, mas eram santos na cidade, que cultuava a deusa Diana. E é precisamente aqui que nos precisamos manifestar este atributo de santidade de vida.
         Em cada departamento de nossa vida carecemos de uma vida digna diante de Deus e dos homens!  A nossa vida consagrada a Deus é marcada quando fazemos tudo pensando em Deus e para a glória de Deus.
         A segunda qualidade que vemos ser apresentada em nosso Texto é que os crentes são descritos como “fiéis em Cristo Jesus” – o termo aqui no grego é “pistoi/j evn Cristw/| VIhsou/(” – o termo fiéis no grego significa digno de confiança, alguém em quem se pode confiar, digno de credibilidade – expressa do conceito do “sim, sim e não, não” – fidelidade. Esta é a qualidade da vida cristã. Nós somos chamados pela soberana vontade de Deus para sermos homens e mulheres fiéis, todavia, tal fidelidade não consiste de uma disposição natural, mas note que deve ser em Cristo Jesus.
III – EM TERCEIRO LUGAR, CONSIDERAMOS A GRAÇA DE DEUS.
         Esta palavra graça é usada mais de treze vezes nesta epístola. O apóstolo sempre a vive repetindo. No versículo segundo ele coloca a frase inicial: “graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
         Este é o tema estupendo no qual somos inseridos nesta carta como um todo. A estupenda graça de Deus para como o homem pecador e providenciando para ele a salvação e redenção. Esta saudação aqui comunica tudo isso! Paulo vai dizer “a riqueza da sua graça”(vs.7) – “kata. to.n plou/ton th/j ca,ritoj auvtou/(” – kata ton plouton tes charistos autou – Aqui o termo graça que aparece aqui “charis” era a saudação comum dos gregos – onde apresentava a ideia de gratidão – notemos que no conceito teológico indica o favor imerecido; gratuidade é exatamente isso que descreve o termo. Ou seja, somos mais uma vez humilhados diante desta palavra – graça! Tudo o que temos, tudo o que somos, tudo que seremos devemos a graça de Deus, e nada mais, nenhuma participação humana; nada de esforço humano.
         O segundo termo que completa esta saudação é paz – eivrh,nh” – uma palavra urgente para os nossos dias! Sim dias em que os homens vivem em guerra, estes conflitos são emocionais, familiares, relacionais e bélicos – o homem por natureza é belicoso – ama fazer guerras, então, vem o evangelho de Cristo e diz que devemos vê-lo como o príncipe da paz!
         Esta saudação é significativa, pois, o termo grego eirenê reproduz a saudação dos judeus a shalom no hebraico; ora, isso é importante, visto que para os judeus era impossível dividir o mesmo espaço com um não Judeu – com um gentio, e neste caso em específico – com os gregos de Éfeso. Notem, é na igreja onde relacionamentos são curados, é na igreja onde o amor é demonstrado, ambos os povos – gregos e judeus agora congregados devem viver unidos – e expressando isso mutuamente na saudação paulina: Graça e paz!
         O apóstolo nos apresenta a origem destas duas virtudes fundamentais à sobrevivência do cristianismo! Sim a origem é Deus Pai! Vejam: “a parte de Deus, nosso Pai” – po. qeou/ patro.j h`mw/n”- apo theou patros hemôn – Deus que é Pai nos congrega em sua igreja para que gozemos de sua graça absoluta e soberana; ele como Pai que é cuida de seu povo, dos seus eleitos, dos seus escolhidos – somos chamados para sermos homens e mulheres resgatados pela graça e paz, marcados e selados pelo amor de Deus Pai.
         Deus é visto como o nosso Deus! Ele é o objeto de nossos afetos, objeto de nosso culto. Objeto de nossa adoração – ele é o nosso Deus. Paulo demonstra que Deus é o nosso pai amoroso. Porque ele é infinitamente amor!
         A graça e paz que reina na igreja pertencem e tem origem “Senhor Jesus Cristo” – aqui o apóstolo Paulo usas o termo “kuri,ou” – kyriou – do senhor – e descreve a realiza, a majestade e a soberania de Cristo. Isto é importante, pois, em nosso tempo temos visto um Cristo apresentado como simplesmente um salvador sem ser senhor! Não, ele deve ser visto como nosso redentor, pois, ele assim é descrito como tal, todavia, ele deve ser encarado como Senhor, como chefe sobre todos. Ou seja, ele é soberano sobre a nossa vida.
         O termo grego kyrios este substantivo aqui é traduzido pelo o termo Yahweh  do Antigo Testamento – nome aplicado exclusivamente a Deus, isso tem implicações sérias, nós servimos ao nosso Senhor Jesus Cristo como nosso único Deus, nosso objeto de culto.
         O nosso salvador, o nosso redentor é o aquele que nos ama, nos salva, mas é também aquele que nos governa. Governa as nossas vontades, a nossa existência e determina a nossa história.
Pelo Reino,

Rev.João Ricardo Ferreira de França.