domingo, 25 de fevereiro de 2024

DANIEL 5.1-12: A IMPORTÂNCIA DO ARREPENDIMENTO E DA HUMILDADE DIANTE DE DEUS

 

O texto de Daniel 5.1-12 nos traz uma poderosa mensagem sobre a importância do arrependimento e da humildade diante de Deus. Neste relato, somos apresentados a Belsazar, rei da Babilônia, que organiza um grande banquete para seus nobres, usando os utensílios sagrados do templo de Jerusalém que foram saqueados por seu antecessor, Nabucodonosor. Essa nota de abertura no texto sagrado direciona e responde a questão do juízo divino sobre o rei babilônico

A atitude de Belsazar revela uma completa falta de respeito e temor a Deus, pois ele profana os utensílios santos em um ato de orgulho e arrogância. Ao fazer isso, ele desafia abertamente o Deus de Israel e mostra sua insensatez ao não reconhecer a autoridade divina.

No entanto, a história toma um rumo repentino quando uma mão misteriosa aparece e escreve palavras na parede do palácio, revelando um terrível aviso de juízo contra o rei. Belsazar fica aterrorizado e confuso, e seus nobres são incapazes de decifrar a mensagem.

É então que a rainha entra em cena e lembra a Belsazar da presença de Daniel, um homem sábio e cheio do Espírito de Deus. Daniel é chamado e, diante do rei assustado, ele interpreta a mensagem escrita na parede: "MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM" que significa "Tecel, Pesou e Dividiu". Essas palavras proféticas anunciam que os dias de Belsazar estão contados e que seu reino será dividido e dado a outros. Daniel também lembra o rei da queda de seu antecessor Nabucodonosor, que só se humilhou diante de Deus após passar por um período de humilhação e arrependimento.

O relato de Belsazar nos ensina sobre a importância da reverência a Deus e da humildade diante de Sua soberania. Mostra que a arrogância e a rebelião contra Deus só podem levar à destruição e ao juízo. O exemplo de Belsazar nos lembra da necessidade constante de nos arrependermos de nossos pecados e nos humilharmos diante de Deus, reconhecendo Sua autoridade e buscando Sua misericórdia.

I. O PECADO DE BELSAZAR (DANIEL 5.1-4)

1. Descrição da festa profana de Belsazar:

O texto de Daniel 5.1-4 descreve a festa profana que o rei Belsazar realizou em seu palácio, onde utilizou os utensílios do templo para idolatria. Durante o banquete, o rei e seus convidados beberam vinho em taças de ouro, prata, bronze, ferro, madeira e pedra. Esse ato revela o desprezo de Belsazar pela santidade de Deus.

2. Significado teológico da profanação dos utensílios do templo:

A ação de Belsazar de profanar os objetos dedicados ao culto a Deus demonstra uma clara rebelião contra o Senhor e Sua santidade. Os utensílios do templo eram destinados exclusivamente para o culto a Deus e não poderiam ser profanados de forma alguma. Ao desrespeitar essa santidade, Belsazar desafiava a autoridade divina e zombava da santidade de Deus, revelando seu orgulho e soberba.

3. Aspectos exegéticos do pecado de Belsazar:

É importante observar os termos hebraicos relevantes nesse contexto, como "kadesh" (santidade) e "kodesh" (santo), para entender a gravidade do pecado de Belsazar. A palavra "kadesh" denota a santidade de Deus e Sua separação do pecado. Ao profanar os utensílios do templo, Belsazar violava essa santidade e desrespeitava a presença de Deus em sua vida e nação.

Versículo 4:

  • וְהַלְלִין לֵאלָהֵי דַהֲבָא וְכַסְפָּא נְחָשָׁא פְרִזְלָא אִעָא וְאָבְנָא:
    • וְהַלְלִין (wəhallîn): "e louvavam"
    • לֵאלָהֵי (lēʼālāhê): "aos deuses"
    • דַהֲבָא (ḏahabā): "de ouro"
    • וְכַסְפָּא (wəḵaspā): "e prata"
    • נְחָשָׁא (nəḥāšā): "de bronze"
    • פְרִזְלָא (pərīzlā): "de ferro"
    • אִעָא (ʼiṣā): "de madeira"
    • וְאָבְנָא (wəʼabnā): "e pedra"
  • O versículo 4 apresenta Belsazar e seus convidados louvando deuses feitos de materiais inertes (ouro, prata, bronze, ferro, madeira e pedra).
  • A repetição da preposição ל (le) antes de cada material reforça a idolatria e a ênfase em deuses falsos.

Análise Teológica:

  • O versículo 4 revela a idolatria e a arrogância de Belsazar, que exalta deuses impotentes enquanto ignora o Deus verdadeiro que detém o controle sobre sua vida e reino.
  • A ênfase nos materiais inertes dos deuses falsos contrasta com a soberania do Deus vivo, que possui poder sobre a vida e o destino do rei.

4. Consequências da profanação e rebelião de Belsazar:

A festa profana e o desprezo pela santidade divina levaram Belsazar à ruína e ao juízo de Deus, como descrito no restante do capítulo 5 de Daniel. Essa história serve como um poderoso lembrete da importância de respeitar e reverenciar a santidade de Deus em nossas vidas, para evitarmos a rebelião e as consequências do pecado.

II. A intervenção divina (Daniel 5.5-9)

A. O aparecimento da mão escrevendo na parede [vs.5-6]

5 No mesmo instante apareceram dedos de mão de homem e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo.

No momento em que Belsazar e seus convidados estavam profanando os utensílios do templo, uma mão divina apareceu e começou a escrever na parede. Este evento sobrenatural chamou a atenção de todos os presentes e gerou um grande temor e perplexidade. A manifestação da presença de Deus de forma visível deixou claro que Ele estava intervindo na situação de desrespeito e blasfêmia que estava ocorrendo. No uso inadequado dos utensílios consagrados para a sua adoração exclusiva.

6 Então, mudou-se o semblante do rei, e os seus nobres ficaram atónitos.

A presença da mão escrevendo na parede provocou uma reação imediata no rei Belsazar e em seus convidados. O semblante do rei mudou-se, demonstrando claramente seu temor e perplexidade diante da intervenção divina. Seus nobres também ficaram atônitos diante da manifestação sobrenatural, percebendo a gravidade da situação que estavam enfrentando.

B. O terror e desespero de Belsazar e seus convidados [v.7-8]

 

7 O rei gritou com voz forte que se introduzisse os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores; e falou o rei, dizendo aos sábios de Babilónia: Qualquer que ler esta escritura e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, e levará uma cadeia de ouro ao pescoço, e no reino será o terceiro senhor.

Diante do terror e desespero causados pela mão escrevendo na parede, o rei Belsazar gritou imediatamente ordenando a presença dos sábios da Babilônia. Ele prometeu grandes recompensas àquele que conseguisse ler e interpretar a escrita misteriosa, demonstrando sua ansiedade em buscar uma explicação para o ocorrido. O rei estava determinado a obter uma resposta rápida para acalmar seu coração perturbado e o de seus convidados.

8 Entraram, pois, todos os sábios do rei, mas não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.

Apesar da grande expectativa criada pelo rei, os sábios de Babilônia foram incapazes de ler a escrita na parede e de interpretar seu significado. Mesmo com toda sua suposta sabedoria e conhecimento, os sábios não foram capazes de decifrar a mensagem divina. Isso apenas intensificou o terror e desespero de Belsazar e de todos os presentes, que agora se viam diante de um sinal claro da intervenção divina, mas sem compreender seu propósito.

C. A incapacidade do rei em interpretar a escrita [v.9]

9 Então o rei Belsazar muito se perturbou, e se lhe mudou o semblante; e os seus nobres se perturbaram.

Diante da incapacidade dos sábios em interpretar a escrita na parede, o rei Belsazar ficou muito perturbado e seu semblante mudou-se ainda mais. O desespero e a agonia tomaram conta do rei e de seus nobres, que agora se viam diante de uma situação para a qual não tinham resposta. A intervenção divina trouxe à tona a limitação e fragilidade do rei e de sua corte, que perceberam sua impotência diante do Deus todo-poderoso que se manifestava de forma incontestável.

Neste trecho de Daniel 5.5-9, vemos a intervenção divina de forma clara e impactante, demonstrando o poder e a soberania de Deus sobre os reinos da Terra. O aparecimento da mão escrevendo na parede, o terror e desespero de Belsazar e seus convidados, e a incapacidade do rei em interpretar a escrita nos mostram que não há sabedoria humana ou poder terreno que possa resistir à manifestação do Deus todo-poderoso. Diante de Sua intervenção, somos confrontados com nossa fragilidade e dependência absoluta do Senhor.

III. A mensagem divina de juízo (Daniel 5.10-12)

A. A recomendação de chamar Daniel para interpretar (v. 10)

No versículo 10, vemos que a rainha-mãe, ao ouvir o desespero do rei Belsazar diante da escrita na parede, recomenda que Daniel seja chamado para interpretar o que foi escrito. Note o que diz o versículo 10: “A rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei e aos seus grandes, entrou na casa do banquete e disse: Ó rei, vive eternamente! Não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante.(Dan 5:10 ARA)” Essa recomendação revela a confiança da rainha-mãe na sabedoria e capacidade de Daniel para decifrar mensagens divinas. É importante notar que o rei Belsazar, mesmo tendo à sua disposição uma série de sábios e adivinhos, reconhece a superioridade de Daniel quando se trata de interpretar sonhos e visões. Porém, esse reconhecimento vem após a sua mãe lhe mostrar que haveria uma solução segura para aquele impasse!

 

B. A recordação dos feitos de Nabucodonosor (v. 11)

Conseremos agora o verso 11: “Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu pai, se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros, (Dan 5:11 ARA)

Aqui no verso 11, a rainha-mãe lembra a Belsazar dos feitos grandiosos realizados por Nabucodonosor, seu antecessor. Ela destaca como o rei Nabucodonosor foi exaltado e honrado por Deus devido à sua humildade e reconhecimento da soberania divina. Esse lembrete serve como um contraste ao orgulho e arrogância de Belsazar, que desafiou abertamente o Deus dos céus ao profanar os utensílios do templo e se exaltar contra Ele.

C. A advertência de que o rei seria julgado pelo seu orgulho e pecado (v. 12)

Voltemo-nos para o verso 12: porquanto espírito excelente, conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos difíceis se acharam neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação. (Dan 5:12 ARA)”Aqui no verso 12, a rainha-mãe adverte Belsazar de que ele seria julgado pelo seu orgulho e pecado diante de Deus. Ela destaca como Nabucodonosor foi humilhado e desonrado por Deus devido à sua soberba e falta de temor ao Senhor. Essa advertência serve como um aviso claro para Belsazar de que ele também enfrentaria as consequências de suas ações desrespeitosas e blasfemas contra o Deus dos céus.

CONCLUSÃO:

A passagem de Daniel 5.1-12 nos apresenta a história do rei Belsazar e sua festa profana, onde ele cometeu o grave erro de profanar os utensílios sagrados do templo, demonstrando assim seu desprezo pela santidade de Deus. Esse pecado não passou despercebido aos olhos do Senhor, que interveio de forma poderosa e miraculosa durante a festa, enviando uma mensagem escrita nas paredes que deixaram todos ali presentes aterrorizados e desesperados.

A intervenção divina nesse episódio nos revela a soberania e o poder absoluto de Deus sobre todas as coisas. Mesmo diante do terror e do desespero do rei Belsazar e de seus convidados, eles se viram incapazes de interpretar a escrita nas paredes, mostrando assim a limitação e fraqueza humana diante do poder divino.

A mensagem escrita nas paredes era a palavra de juízo de Deus sobre o rei Belsazar, advertindo-o de que ele e seu reinado seriam julgados pelo seu orgulho e pecado. A recomendação de chamar Daniel para interpretar a mensagem divina revela a importância de buscar a sabedoria e orientação de Deus em todas as situações, especialmente nos momentos de crise e desespero.

Essa passagem nos ensina sobre a importância de reverenciar e respeitar a santidade de Deus em todas as nossas ações e decisões, lembrando-nos de que Ele é o Juiz supremo que governa sobre todos os reinos e impérios deste mundo. O orgulho e a arrogância do rei Belsazar o levaram à sua ruína, servindo como um alerta para todos nós sobre os perigos da soberba e da desobediência aos mandamentos divinos.

 

 

Aplicações:

1. Devemos cultivar uma postura de reverência e respeito diante da santidade de Deus, evitando profanar as coisas sagradas e desobedecer aos seus mandamentos.

2. Precisamos reconhecer a soberania e o poder absoluto de Deus sobre todas as coisas, buscando a sua orientação e sabedoria em todas as situações de nossa vida.

3. Devemos aprender com os erros do rei Belsazar, evitando cair na armadilha do orgulho e da arrogância que podem nos levar à ruína e ao juízo divino.

4. Não devemos desprezar as advertências e mensagens de Deus, mas sim buscar entendimento e interpretação através da sua Palavra e da comunhão com Ele.

5. Devemos sempre lembrar dos feitos grandiosos de Deus em nossa vida e na história da humanidade, reconhecendo a sua fidelidade e justiça em todos os momentos.

Rev. João Ricardo Ferreira de França
Pastor da Igreja.