sábado, 27 de agosto de 2016

A SUFICIÊNCIA E A CLAREZA DAS ESCRITURAS

IGREJA PRESBITERIANA DE RIACHÃO DO JACUÍPE – BA.
CURSO DE IDENTIDADE PRESBITERIANA
CONHECENDO A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER.
Rev. João Ricardo Ferreira de França.
ESTUDO 03:
A Suficiência e Clareza das Escrituras
Introdução:
            No estudo hoje vamos considerar o tema da Suficiência e da Clareza das Escrituras Sagradas. No primeiro aspecto veremos o tema da suficiência e a extensão dessa suficiência das Escrituras; e no segundo momento nos concentraremos na doutrina da perspicuidade (clareza) da revelação de Deus encerrada nas páginas da Bíblia.
A fé “Reformada afirma que as Escrituras Sagradas constituem-se numa regra completa de fé e prática. Num manual completo de doutrina, práticas eclesiásticas e vida cristã”.[1] A Escritura regula toda a vida e molda a piedade do crente e nestes aspectos é simplesmente clara.
I – O QUE É O SOLA SCRIPTURA?
A resposta mais simples e clara que podemos oferecer a esta pergunta é que o “Sola Scriptura ensina que a Bíblia regula a vida em sua totalidade”[2] O Dr. Paulo Anglada nos diz que com a “redescoberta da doutrina da suficiência das Escrituras, os reformadores libertaram o povo de Deus das doutrinas e práticas impostas às consciências por autoridade meramente humana”[3]. Todavia, uma definição ampla e clara do que a doutrina significa é apresentada por Brain M. Schwertley quando diz:
Dito resumidamente, a doutrina protestante do sola scriptura ensina  que a Bíblia (os 66 livros do Velho e do Novo Testamento) é a divina  Palavra inspirada de Deus, e, portanto, infalível e absolutamente autoritativa para todos os assuntos referentes à fé e à vida. Como palavra escrita de Deus contém tudo o que existe da revelação sobrenatural de Deus, e porque cessaram todas as formas de revelação direta (com a morte dos apóstolos e o fechamento do cânon), apenas e somente a Bíblia é a autoridade da igreja. Porquanto a Escritura é clara (i.e., todo ensino necessário à salvação, fé e vida, são facilmente compreendidos pelas pessoas  comuns) não há necessidade de quaisquer fontes adicionais de autoridade para interpretar a Bíblia infalivelmente para a igreja. A igreja (sejam ou não papas, cardeais, bispos, pais da igreja, concílios eclesiásticos, sínodos ou congregações) não tem autoridade sobre a Bíblia, mas a Escritura autoautenticada tem autoridade absoluta sobre a igreja e sobre  todos os homens. Por ser o que a Bíblia é (como já visto), o mister da  igreja é puramente ministerial e proclamador. Todos os homens são  proibidos de acrescentar ou subtrair algo das Sagradas Escrituras, seja  pelas tradições humanas, ou pelas assim chamadas novas revelações do  Espírito, ou pelos decretos de concílios e sínodos. A Bíblia é suficiente e perfeita e não necessita de quaisquer acréscimos humanos. Além do que,  apenas aquilo que é ensinado na Escritura pode ser usado para tornar  cativas as consciências dos homens. [4]
II – O SOLA E O TOTA SCRIPTURA (CFW 1. VI)
  1. Definindo o Tota Scriptura:
A confissão de Fé de Westminster sustenta que tudo o que nós precisamos saber sobre como glorificar a Deus e tudo relacionado à nossa vida, fé e salvação está nas páginas das Escrituras. De acordo com Fred Klooster, “este ponto de vista a respeito da Escritura como ‘única e completa’ (sola e tota Scriptura) é exclusivamente reformado. ”[5] É bom lembrar que “as Escrituras não contêm todas as informações a respeito da criação, da natureza, do universo, ou mesmo da história”.[6] Mas, tudo o que ela  declara é suficiente e abrangente em matéria de fé e piedade religiosa. (2ª Timóteo 3.15-17)
  1. O Sola Scriptura e as Novas Revelações:
A nossa declaração de fé diz: “[...]À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; [....]”. Em nossos dias temos visto uma referência ao pentecostalismo e à tradição carismática. Se pessoas sustentam que recebem novas revelações elas estão se colocando contra a suficiência das Escrituras Sagradas. Paulo é bem enfático ao falar sobre isso em Gálatas 1.8-9. Também aqui rejeitamos as tradições dos homens O nosso Senhor Jesus ensinou isso em Marcos 7.4-9. Os homens tentam invalidar a palavra de Deus pela tradição que sustentam. Isso é atentar contra a doutrina da suficiência das Escrituras.

  1. O Sola Scriptura e a doutrina da iluminação do Espirito Santo.
A confissão também nos ensina que apenas o Espírito Santo capacita ao homem a ter uma “salvadora compreensão” da mensagem registrada na Escritura Sagrada. É o Espírito quem capacita ao homem a compreender e crer na verdade revelada (João 6.45; 1ª Coríntios 2.9-12)
  1. O Sola Scriptura e as questões Indiferentes
No final desta seção é que a CFW trata das questões indiferentes associadas à duas esferas: culto e sociedade. A primeira questão que a confissão se detém é a questão do culto, sustenta-se aqui que há:
  1. Circunstâncias de culto: ou seja, que há coisas que precisam ser observadas pela luz da natureza e prudência cristã que devem regular as circunstâncias: P.e. Pode-se fazer um culto debaixo de um pé de árvore, mas é prudente?
  2. Que o Governo da Igreja: deve ser orientado pela palavra - qual exemplo de governo a Bíblia apresenta para a Igreja?
Os puritanos, pais da Confissão, asseguram que nestes aspectos as regras gerais da Palavra de Deus devem ter sempre a primazia (1ª Coríntios 11.13-14; 1ª Coríntios 14.26,40).
III – A CLAREZA DAS ESCRITURAS (CFW. 1.VII)
A doutrina protestante da Perspicuidade das Santas Escrituras ensina que naquilo que Deus seja que o homem saiba é compreensível ao homem; entretanto, nem tudo é acessível ou claro a todos os homens, isso é muito claro na Palavra de Deus (2ª Pedro 3.16); entretanto, aquilo que o homem precisa conhecer para sua caminhada na fé e redenção é evidente nas Escrituras Sagradas. Duas verdades decorrem dessa declaração:
  1. Nem tudo é evidente a todos por causa da condição homem.
a)      Todos nascemos no pecado: Sl 51:5 – Gerado pelo pecado o homem nasce propenso a interpretar o mundo que lhe cerca pelas lentes de sua própria pecaminosidade que se insere e instala desde a sua concepção.
b)      Todos nascemos desviados: Sl 58:3 – Ao nascer o homem é uma mentira completa, pois, vive desviado e mergulhado em mentiras, logo, obscurece toda a verdade de Deus.
c)      Sabemos que tudo depende da soberania de Deus: Mateus 11.25 – o Senhor Jesus ora a Deus, o Pai porque nem tudo é revelado aos homens porque assim não foi do agrado dEle.
d)     Todos os homens são obscurecidos de entendimento. Ef 4:18 – E por fim, o homem no pecado tem os olhos de seu coração mergulhados em trevas profundas, por isso, as Escrituras não lhe são realmente claras.
3 . A Própria Palavra declara a sua clareza: As Escrituras usam imagens significativas que apontam para sua clareza.
a)      Uma Lâmpada: Salmos 119.105.
b)      Fonte de Revelação: Salmo 119.130.
c)      Um véu removido: 2ª Coríntios 3.14
d)      Um Lampião: 2ª Pedro 1.18-19
Questionário
1)      Defina com suas palavras o Sola Scriptura.
2)      O que quer dizer “Tota Scriptura?
3)      Explique este texto de Marcos 7.4-9.
4)      As novas revelações são outro evangelho? Fundamente sua resposta à luz de Gálatas 1.8-9.
5)      Quais as razões pelas quais as escrituras não são claras a todos os homens?
6)      O que ensina a doutrina da clareza das Escrituras?
7)      Quem capacita o homem a compreender a mensagem salvadora das Escrituras?
8)      Que razões podem justificar a ausência de clareza das Escrituras a todas as pessoas?
9)      Quais figuras a Bíblia apresenta para demonstrar sua clareza?
10)  Você concorda com tudo o que preceitua essas duas sessões da Confissão de Fé?







[1] ANGLADA, Paulo. Sola Scriptura – A Doutrina Reformada das Escrituras. São Paulo: Os Puritanos, 1998, p.73.
[2]  SCHWERTLEY, Braian. M. Sola Scriptura e o Princípio Regulador do Culto. Tradutor: Marcos Vasconcelos. São Paulo: Editora os Puritanos, 2001, p.12
[3] ANGLADA, Paulo R. B. Sola Scriptura – A Doutrina Reformada das Escrituras. São Paulo: Editora Os Puritanos, 1998, p.73.
[4] SCHWERTLEY, Braian. M. Sola Scriptura e o Princípio Regulador do Culto. Tradutor: Marcos Vasconcelos. São Paulo: Editora os Puritanos, 2001, p.1.
[5] Apud¸ BEEKE, Joel. R. Vivendo para a Glória de Deus – Uma Introdução à Fé Reformada. Tradutor: Francisco Wellignton Ferreira. São Paulo: Editora Fiel, 2010, p. 150
[6] ANGLADA, Paulo. R.B. Sola Scriptura -  A Doutrina Reformada das Escrituras. São Paulo: Editora os Puritanos, 1998, p.74.