quarta-feira, 12 de julho de 2023

CATECISMO MAIOR DE WESTMISNTER: A NATUREZA DA ORAÇÃO

 

A NATUREZA DA ORAÇÃO

Rev. João França.

PERGUNTA 178  - O QUE É ORAÇÃO? – RESPOSTA: Oração é um [santo] oferecimento de nossos desejos a Deus, em nome de Cristo e com o auxilio do Espírito, e com a confissão de nossos pecados e um grato reconhecimento de suas misericórdias ”

INTRODUÇÃO:

            Vivemos em um mundo que não quer conversar mais com Deus. Os relacionamentos nos dias hoje são informatizados, são tecnocráticos, e a oração tem sido relegada a um plano bem inferior da comunicação. Esta semana é uma semana que estaremos estudando sobre oração, conhecendo mais sobre este assunto a luz dos padrões confessionais de nossa igreja. Na nossa aula de hoje vamos considerar a natureza da oração.

I – O QUE É ORAÇÃO?

            Geralmente as pessoas definem oração como sendo uma conversa com Deus. E às vezes nos perguntamos como pode alguém ignorar a oração, se ela é uma conversa com Deus? Sproul diz que “a oração é o segredo da santidade”[1] O Breve Catecismo de Westminster nos diz que a oração é “um santo oferecimento a Deus de nossos desejos”; então, oração e santidade estão relacionadas! Não devemos nos esquecer deste princípio.

            Oração é oferecimento. Oferecemos nossas necessidades a Deus, nossas vidas, nossos sonhos, nossos projetos tudo que o temos e o que somos estão sempre diante de Deus em oração. Em outras palavras a oração “tem um lugar vital na vida do cristão”[2] lembre-se que na oração expressamos confiança em Deus e derramamos diante dele nosso coração: “Confiai nele, ó povo, em todo tempo; derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio. (Salmos. 62:8 ARA)”.

II –  A ORAÇÃO É TRINITÁRIA.

            Outro aspecto importante que devemos estudar sobre a natureza da oração é que ela é trinitária em sua formulação e apresentação. O catecismo Maior de Westminster declara que a oração é um oferecimento ao Pai,  em nome do Filho e com o auxílio do Espírito Santo. A dimensão trinitária é quase desconsiderada na prática da oração. Nos esquecemos que na oração nos digerimos primeiramente ao pai conforme vemos em Mateus 6.9 “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; (Mat 6:9 ARA)” .

            Na dimensão da oração oferecemos a Deus pai nossas necessidades urgentes e certamente ele nos ouve. Isto nos fala do cuidado paternal de Deus sobre seus filhos que recorrem à oração com súplicas ao pai.

            A dimensão da oração trinitária envolve também a Pessoa do Filho. O catecismo ressalta que oração deve ser e [...em nome do Filho] isto nos fala da obra mediadora de Cristo Jesus na oração. O próprio senhor Jesus ensinou sobre isso quando tratou da dinâmica da oração conforme lemos em João 14.13-14: “13 E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. (João. 14:13-14 ARA)”. As nossas orações são aceitas porque nós temos um mediador pactual, e este, é o Senhor Jesus Cristo; o evangelho de João deixa isso muito claro no capítulo 16.13-14: “Naquele dia, nada me perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la concederá em meu nome. 24 Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa.  (João 16:23-24 ARA)”

            A terceira dimensão da oração trinitária é o auxílio do Espírito Santo. Nesta dimensão somos relembrados pelo Catecismo Maior de que ainda que não saibamos como  orar, o Espírito Santo sempre assiste ao crente que ora a Deus. Esta é uma grande dúvida de nosso povo; muitos se encontram tímidos em orar porque acham que não sabe orar, como o pastor, como o presbítero ou como o diácono; mas, na verdade, a Palavra de Deus nos ensina que ninguém sabe orar de um modo aceitável a Deus, a não ser que seja socorrido, ou na linguagem bíblica assistido pelo Espírito Santo. Este ensino é claro também na palavra de Deus em Romanos 8.26: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. (Romanos 8:26 ARA)”.

III – A ORAÇÃO TEM UMA DUPLA NATUREZA GERAL

            O catecismo apresenta-nos a dupla natureza geral da oração: (a) uma oração de Confissão; (b) é uma oração de gratidão. Toda oração do cristão envolve estes dois elementos importantes.

Ao se aproximar do senhor em oração estamos cônscios de que devemos oferecer nela: “a confissão de nossos pecados” conforme aprendemos na oração do Senhor “perdoa-nos” (Mateus 6.12). Sabendo que ele é “fiel e justo” para nos perdoar (1ª João 1.9). Thomas Ridgley, em sua obra A Body of Divinity [O corpo da Divindade] que é o primeiro comentário escrito sobre o Catecismo Maior de Westminster, sobre esta questão 178 declara:

É necessário insistir nisso, na medida em que somos obrigados a obedecer à vontade revelada de Deus; não obstante, por causa de nossa depravação e fraqueza, nada podemos fazer de bom sem sua ajuda, o que não é de se esperar, a menos que seja humildemente desejado por ele; e isso é o que geralmente chamamos de oração; que sendo realizado por criaturas que não são apenas indigentes, mas indignas, isso deve ser reconhecido e, portanto, devemos, em oração, confessar o pecado como o principal fundamento e razão dessa indignidade. (RIDGLEY, 1815, Volume 4, p.234)

A segunda consideração está na gratidão ou na linguagem confessional do catecismo: “ um grato reconhecimento de suas misericórdias”. Na oração devemos reconhecer as misericórdias do Senhor sobre nossas vidas, pois, são elas as causas de não sermos conseguidos (Lamentações de Jeremias 3.22). Lembre-nos do que disse o salmista: “Vamos à presença dele com ações de graças”(Salmos 95.2-3), ou como coloca-nos Paulo em Timóteo: “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens”(1ª Timóteo 2.1)

 CONCLUSÃO:

            Que as nossas orações refletiam estas verdades que aprendemos, pois, sabemos que a oração é um oferecer a Deus de todas as nossas necessidades legítimas e desejos legítimos diante de Deus. Compreendendo que o Deus Trino está a atender as nossas oraçãos que revelam nossa necessidade da graça perdoadora bem como um coração grato diante de Deus.



[1] SPROUL, R.C. A oração muda as coisas? São José dos Campos: Editora Fiel, 2012, p.7

[2] Ibid, p.8