domingo, 18 de setembro de 2016

GÊNESIS 2.1-3: A INTENÇÃO DIVINA AO TRAZER A EXISTÊNCIA O SHABATH



A INTENÇÃO DIVINA AO TRAZER A EXISTÊNCIA O SHABATH
Texto: Gênesis 2.1-3.
Rev. João Ricardo Ferreira de França
Introdução:
  • A questão que devemos considerar agora, diz respeito a ideia de qual dia deve ser guardado, ou ainda, o que Deus tencionava fazer ao criar do dia de descanso?
  • É Sábado ou domingo? Qual o dia a igreja deve observar e guardar?
  • A Bíblia ensina que devemos guardar um dia em sete? Ou será que todos os dias são dias do Senhor para fins de adoração?
  • Quando a igreja Cristã afirma ser o domingo o Dia do Senhor, o faz como uma questão de mera necessidade para renuir-se?
  • Há muitos que seguem a posição de que o domingo não é shabbath cristão. Esta posição é correta?
I – O SHABATH E A LEI DE DEUS.
            Uma das grandes dificuldades que hoje encontramos sobre a verdadeira observância do Shabbath Cristão está na falta de compreensão da relação entre o dia de descanso e a Lei de Deus. Dentro desta perspectiva devemos lembrar que há três aspectos da Lei: Moral, cerimonial e civil.
            A lei Moral serve para deixar claro ao homem seus deveres, mostrando suas necessidades e revelando-lhe o certo e o errado, o bem e o mal; a lei cerimonial envolve as cerimônias religiosas, apontando para a santidade de Deus, considerada como uma lei positiva; e a lei civil era a reguladora da sociedade no estado Teocrático de Israel[1]
            Uma vez considerada essa tríplice divisão da lei surge-nos uma questão: Onde o Shabbath Cristão se encaixa? O sábado se insere em qual aspecto da Lei de Deus. A Nossa Confissão de Fé nos ajuda neste particular.
  1. A Confissão de Fé de Westminster e Shabbath Cristão:

VII - Como é lei da natureza que, em geral, uma devida proporção do tempo seja destinada ao culto  de Deus, assim também em sua palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, preceito que obriga a todos os homens em todos os séculos, Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sábado (descanso) santificado por Ele; desde o princípio do mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a ressurreição de Cristo foi mudado para o   primeiro dia da semana, dia que na Escritura é chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim do mundo como o sábado cristão.[2]

  1. Compreendendo a posição confessional:

Nesta proposição confessional percebemos que o Shabbath pertence a um preceito ‘positivo, moral e perpétuo’. O que isso significa? Uma lei positiva é um mandamento divino que não é moralmente necessário (isto quer dizer que aquilo que é ordenado não é moralmente certo ou errado). Por exemplo, Adão e Eva receberam o mandamento de não comer da árvore da ciência do bem e do mal. Não implicava em ser algo moralmente errado comer do fruto – o mandamento estava vinculado a obediência e disposição deles em obedecer.
Assim quando consideramos essa questão quanto ao sábado, no que diz respeito o dia, não era algo necessariamente moral guardar o dia da semana, o sábado poderia ser celebrado em outro dia, um exemplo estava na festa de pentecostes (Lev. 23.16,21).
Mas, também temos aqui um preceito “moral e perpétuo” isto quer dizer que este mandamento aporta para a natureza moral de Deus e o nosso relacionamento com ele, e isto não pode ser alterado. O princípio de um dia especial para a adoral é uma obrigação moral e perpétua!

II – O SHABATH COMO DESCANSO DE DEUS.

            Aqui em Gênesis 2.1-3 temos algumas verdades que precisam ser pontuadas sobre a intenção original de Deus em trazer à existência o sábado. Devemos levar em consideração dos aspetos ao considerarmos este texto:
  1. Deus declara que a sua obra estava completa:
Este é o princípio claro e estabelecido no texto sagrado. Isto é notado aqui em Gênesis 2.2: “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito.” Norte que o vocábulo “sábado” é derivado do verbo “descansou” que aparece aqui [שָׁבַת] – quando se diz que ele descansou está associado ao cessar a sua obra criadora. Ele completara toda a obra de sua criação (Gênesis 2.1). Aqui o descanso de Deus não significa que ele deixara de trabalhar.  Aprendemos no evangelho que Deus continua a trabalhar (João 5.17), e isto ele, o faz por meio de sua providência.

  1. Deus descansou com a finalidade de expressar deleitoso prazer em sua obra criada:
Este é outro princípio importante sobre a questão do sábado ou descanso de Deus no pós-criação. Moisés o expressa de forma bastante interessante em Êxodo 31.17 – a palavra alento que aparece aqui em nossa tradução; tem o sentido de contentar-se; de alegria. Ou seja, Deus descansou em profunda alegria em ver a perfeição de sua obra.
  1. O Descanso de Deus é um emblema escatológico para o homem:
Ao descansar Deus oferece ao homem (Adão) e seus descentes a vida! Esta vida em descanso eterno, se Adão não tivesse pecado, ele gozaria plenamente da comunhão com Deus e teria imenso deleite no dia de Descanso.

III – A SANTIFICAÇÃO DO DIA DE DESCANSO.
            O nosso texto também carreta um elemento importante. A Santificação do dia. É importante ao homem. Pois, aqui Deus separa o dia como um memorial da criação; como um dia em que ele descansou.
            Deus também abençoou este dia. Neste dia Deus se encontra com o seu povo para abençoar fazendo lembrar que há uma jornada de trabalho a ser cumprida, mas há um repouso garantido; e por isso, ao se encontrar com Yahwer o Deus pacto o povo recebe as bênçãos de Deus. Este é o mandato espiritual que Deus outorga ao homem.

Conclusão:

            Como Igreja de Cristo precisamos olhar para Gênesis 2.1-3 e entender que observância do descanso reporta-se de forma singular para três ideias importantes:
  1. Deus é soberano sobre a obra da criação.
  2. Ele nos deu um jornada de trabalho
  3. Que Ele nos concede um descanso para termos intima relação com ele





[1] PORTELA, Solano. A Lei de Deus – Compreendendo os Limites Traçados para As Pessoas e para a Sociedade – A Lei Moral de Deus., p. 19-20.
[2] Confissão de Fé de Westminster, Capítulo 21, seção VII