terça-feira, 5 de março de 2024

A Soberania de Deus diante do orgulho humano

 

Tema: A Soberania de Deus diante do orgulho humano.

Texto: Daniel 5.13-31

Introdução:

Contexto histórico: Belsazar, rei da Babilônia, desafia o Deus de Israel:

a.   Belsazar, neto de Nabucodonosor, era rei da Babilônia em 539 a.C.

b.   O império babilônico estava em declínio, mas Belsazar vivia uma vida de luxo e ostentação.

c.   O rei era conhecido por sua arrogância e desdém pelas outras nações e religiões.

A festa profana e a blasfêmia.

  1. Belsazar organiza uma grande festa para seus mil nobres e esposas.
  2. Durante a festa, ele utiliza os utensílios sagrados do Templo de Jerusalém, profanando-os.
  3. Em um ato de blasfêmia, Belsazar e seus convidados bebem vinho nos vasos sagrados e louvam seus próprios deuses.

A mão misteriosa escreve na parede.

  1. No meio da festa, uma mão humana sem corpo surge e escreve na parede do palácio.
  2. As palavras são escritas em aramaico, idioma que o rei e seus convidados não compreendem.
  3. O terror toma conta do rei e seus convidados, que se desesperam por uma interpretação.

EXPOSIÇÃO BÍBLICA: obs.  seguiremos ordem conforme está no texto original hebraico.

I. O Terror do Desconhecido (5:13-16)

  • A reação de Belsazar e seus convidados.

"Então o rei Belsazar mudou de cor, e seus pensamentos o perturbaram, e as juntas dos seus lombos se desataram, e os seus joelhos batiam um no outro" (v. 13):

 

O verbo "mudar de cor" (חֲלַף פָּנָיו) [halaf panayv] revela uma mudança física drástica, evidenciando o terror que se apossou do rei.

A expressão "seus pensamentos o perturbaram" (הִתְרוֹפְפוּ מַחְשְׁבֹתָיו) indica uma mente em confusão e desordem.

A frase "as juntas dos seus lombos se desataram" (נִפְרְקוּ שְׁרָרָיו) é uma metáfora poética para a perda de força e controle.

O verbo "bater" (נָגְפוּ) no final do versículo, repetido duas vezes, intensifica a imagem do tremor incontrolável que toma conta de Belsazar.

"E as concubinas e os príncipes se maravilharam" (v. 14):

O verbo "maravilhar-se" (שָּׁמַם) indica espanto e perplexidade diante do evento sobrenatural.

A menção às "concubinas" e "príncipes" demonstra que o terror não se limitava ao rei, mas se estendia a toda a corte.

A busca por sábios e adivinhos.

  • "Então foram chamados os magos, os encantadores, os astrólogos e os caldeus, para lerem a escritura e para fazerem saber ao rei a sua interpretação" (v. 15):
    • O texto enumera quatro grupos distintos de especialistas:
      • Magos: especialistas em magia e artes ocultas.
      • Encantadores: praticantes de encantamentos e adivinhação.
      • Astrólogos: intérpretes de sinais celestes.
      • Caldeus: sacerdotes babilônios com conhecimento em astrologia e adivinhação.
  • "Mas eles não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação" (v. 15):
    • O verbo "ler" (קָרָא) no texto hebraico significa "decifrar" ou "interpretar".
    • A inabilidade dos especialistas em decifrar a mensagem intensifica o mistério e o terror da cena.
  • A inabilidade de decifrar a mensagem.

"Então o rei Belsazar ficou muito turbado, e o seu rosto se mudou nele, e os seus grandes se espantaram" (v. 16):

O verbo "turbar-se" (בְּהֵל) indica uma agitação interior ainda mais profunda que o terror inicial.

A expressão "o seu rosto se mudou nele" (נִשְׁתַּנָה פָּנָיו) reforça a imagem de um rei pálido e abatido.

O verbo "espantar-se" (חַתָּה) no final do versículo demonstra que o medo se espalhou entre os nobres presentes.

II. A Intervenção de Daniel (5:17-24)

a)  Daniel é Chamado à Presença do Rei (v. 17-18)

“Então a rainha, por causa das palavras do rei e dos seus grandes, entrou na sala do banquete; e a rainha falou ao rei, dizendo: Senhor meu rei, viva eternamente! Não te perturbem os teus pensamentos, nem se mude o teu rosto" (v. 17):

A "rainha" não é identificada no texto, mas provavelmente se trata da rainha-mãe, Nitócris.

     i.          A expressão "viva eternamente" (יְחִי אֲדֹנִי הַמֶּלֶךְ לְעֹלָם) é uma fórmula de saudação comum no antigo Oriente.

  ii.          O verbo "perturbar" (בְּהֵל) é o mesmo utilizado para descrever o estado do rei no versículo 16.

iii.          A frase "não se mude o teu rosto" (אַל תִּשְׁתַּנָּה פָּנֶיךָ) é um pedido para que o rei mantenha a calma e a compostura.

"Então Daniel foi introduzido perante o rei. E o rei disse a Daniel: És tu Daniel, um dos cativos de Judá, que o rei meu pai trouxe de Jerusalém?" (v. 18):

 

     i.          O verbo "introduzir" (הֵבִיא) indica que Daniel não estava presente na festa, mas foi chamado especialmente.

  ii.          A pergunta do rei revela que ele conhece Daniel, mas não o reconhece como profeta.

A Lembrança da História de Nabucodonosor (v. 19-21):

"E Daniel respondeu ao rei, dizendo: O Deus Altíssimo deu a teu pai Nabucodonosor reino, e grandeza, e glória, e majestade" (v. 19):

  1. O verbo "dar" (נָתַן) enfatiza a soberania de Deus sobre os reinos da terra.
  2. A enumeração de "reino, grandeza, glória e majestade" destaca o poder e a autoridade de Nabucodonosor.

"E por causa da grandeza que lhe deu, todos os povos, nações e línguas tremiam e o temiam; a quem ele queria matava, e a quem ele queria conservava; a quem ele queria engrandecia, e a quem ele queria abatia" (v. 20):

  1. O verbo "tremer" (חָרַד) e "temer" (יָרֵא) expressam o terror que Nabucodonosor inspirava.
  2. O verbo "matar" (הָרַג), "conservar" (חַיָּה), "engrandecer" (גִּדַּל) e "abater" (הִשְׁפִּיל) demonstram o poder absoluto do rei.

"Mas ele, tendo levantado o seu coração e endurecido o seu espírito, se ensoberbeceu, foi deposto do seu trono real, e a sua glória foi tirada dele" (v. 21):

  1. O verbo "levantar o coração" (נָשָׂא לֵבָב) e "endurecer o seu espírito" (חָזַק רוּחַ) indicam a arrogância e o orgulho de Nabucodonosor.
  2. O verbo "depor" (הוּרַד) e "tirar" (נָסַע) demonstram a queda de Nabucodonosor como punição por sua soberba.

A Interpretação da Mensagem: MENE, TEKEL, PERES (v. 22-24):

  • "E tu, seu filho Belsazar, não humilhaste o teu coração, ainda que sabias "...tudo isso. Mas te ensoberbeceste contra o Senhor do céu; e trouxeram diante de ti os vasos da sua casa, e vós, e as tuas mulheres, e as tuas concubinas, e os teus bebedores de vinho bebestes vinho neles; e louvastes aos deuses de prata, e de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, nem ouvem, nem sabem; e ao Deus que tem em sua mão o teu fôlego, e todos os teus caminhos, não glorificaste" (v. 22):"
    • O verbo "ensoberbecer-se" (גָּבַהּ) reitera a arrogância de Belsazar.
    • A expressão "o Senhor do céu" (אֲדֹנָי הַשָּׁמַיִם) enfatiza a autoridade divina sobre Belsazar.
    • O verbo "glorificar" (כָּבַד) contrasta a idolatria de Belsazar com a adoração que Deus merece.
  • "Então foi enviada por ele a parte da mão que escreveu aquela escritura" (v. 24):
    • O verbo "enviar" (שְׁלַח) atribui a escrita na parede diretamente a Deus.
    • A expressão "parte da mão" (יַד כְּתָבָה) reforça a imagem sobrenatural da mensagem.
  • "E esta é a escritura que se escreveu: MENE, MENE, TEKEL, U-PARSIN" (v. 24):
    • A repetição de "MENE" (מְּנֶה) enfatiza a importância da palavra. O significado exato é incerto, mas pode indicar "contar" ou "concluído".
    • "TEKEL" (תְּקֵל) significa "pesado" e sugere julgamento divino.
    • "U-PARSIN" (וּפַרְסִין) é normalmente traduzido como "PERES", que significa "dividir" ou "quebrar em pedaços".

III. A Queda de Belsazar (5:25-31)

Os versos 25 a 31 de Daniel 5 narram a queda de Belsazar e da Babilônia. A profecia escrita na parede se cumpre com a conquista da cidade pelos medos e persas. Através de uma análise linguística aprofundada do texto hebraico original, podemos desvendar as nuances e os detalhes dessa cena dramática, explorando:

1. O Cumprimento da Profecia: A Conquista da Babilônia (v. 25-28):

  • "Naquela mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus" (v. 25):
    • O verbo "morrer" (הוּמַת) no nifal indica que Belsazar foi morto por outros, confirmando a profecia.
    • A expressão "rei dos caldeus" (מֶלֶךְ כַּשְׂדִּים) enfatiza a queda de um poderoso império.
  • "E Dario, o medo, tomou o reino, sendo da idade de sessenta e dois anos" (v. 26):
    • O verbo "tomar" (לָקַח) indica a conquista militar da Babilônia.
    • A menção à idade de Dario ("sessenta e dois anos") demonstra sua experiência como governante.
  • "E Daniel foi constituído sobre os três presidentes, porque em ele se achava um espírito excelente, e sabedoria, e inteligência, para interpretar sonhos, e resolver enigmas, e desatar nós" (v. 28):
    • O verbo "constituir" (הִפְקִיד) indica a posição de destaque que Daniel assume no novo governo.
    • A expressão "espírito excelente" (רוּחַ טוֹבָה) destaca as qualidades de Daniel que o qualificam para o cargo.
    • A enumeração de suas habilidades ("interpretar sonhos, resolver enigmas, e desatar nós") demonstra sua sabedoria e inteligência.

2. A Morte de Belsazar (v. 25):

  • "Naquela mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus" (v. 25):
    • O verbo "morrer" (הוּמַת) no nifal indica que Belsazar foi morto por outros, confirmando a profecia.
    • A frase "naquela mesma noite" (בְּהַהִיא לֵילְיָא) enfatiza a rapidez com que a profecia se cumpre.

3. O Reino Dividido Entre Medos e Persas (v. 29-31):

  • "E Dario, o medo, dividiu o reino em cento e vinte províncias" (v. 29):
    • O verbo "dividir" (חָלַק) indica a fragmentação do império babilônico.
    • O número "cento e vinte províncias" demonstra a magnitude da divisão.
  • "E Daniel foi constituído sobre os três presidentes, porque em ele se achava um espírito excelente, e sabedoria, e inteligência, para interpretar sonhos, e resolver enigmas, e desatar nós" (v. 28):
    • O verbo "constituir" (הִפְקִיד) indica a posição de destaque que Daniel assume no novo governo.
    • A expressão "espírito excelente" (רוּחַ טוֹבָה) destaca as qualidades de Daniel que o qualificam para o cargo.
    • A enumeração de suas habilidades ("interpretar sonhos, resolver enigmas, e desatar nós") demonstra sua sabedoria e inteligência.
    • A Recompensa de Daniel (v. 29):
    • "Então o rei Dario ordenou que vestissem Daniel de púrpura, e que lhe pusessem um colar de ouro ao pescoço, e que o fizessem proclamar como terceiro no reino" (v. 29):
    • O verbo "ordenar" (צִוָּה) indica a autoridade do rei Dario e sua vontade de honrar Daniel.
    • A vestimenta de "púrpura" e o "colar de ouro" eram símbolos de realeza e status elevado.
    • A proclamação de Daniel como "terceiro no reino" demonstra a grande estima que o rei tinha por ele.
    • II. As Qualidades de Daniel (v. 29):
    • "E Daniel prosperou no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa" (v. 29):
    • O verbo "prosperar" (שָׁלָה) indica que Daniel teve sucesso e alcançou grande favor em ambos os reinos.
    • A menção a "Ciro, o persa" demonstra que a influência de Daniel se estendeu além do reinado de Dario.
    • III. A Soberania de Deus (v. 30-31):
    • "E Belsazar, rei dos caldeus, foi morto naquela mesma noite" (v. 30):
    • O verbo "morrer" (מֵת) no kal indica a morte definitiva de Belsazar.
    • A frase "naquela mesma noite" (בְּהַהִיא לֵילְיָא) enfatiza a rapidez com que a profecia se cumpre.
    • "E Dario, o medo, recebeu o reino, sendo da idade de sessenta e dois anos" (v. 31):
    • O verbo "receber" (קַבֵּל) indica que o reino foi dado a Dario por Deus.
    • A menção à idade de Dario ("sessenta e dois anos") demonstra sua experiência como governante.

Conclusão:

A Soberania de Deus e a Queda de Belsazar: Uma Análise Conclusiva de Daniel 5

Introdução:

O capítulo 5 de Daniel narra a queda de Belsazar, rei da Babilônia, e a ascensão de Dario, o medo. Através de uma análise aprofundada do texto, podemos discernir importantes lições sobre a soberania de Deus, o julgamento divino contra o orgulho e a idolatria, e a importância da humildade e da reverência a Deus.

I. A Soberania de Deus sobre as Nações:

  • A profecia escrita na parede, interpretada por Daniel, revela o controle divino sobre os eventos históricos.
  • A queda repentina da Babilônia, um império poderoso, demonstra a fragilidade dos reinos humanos diante do poder de Deus.
  • A ascensão de Dario, um governante pagão, é permitida por Deus como parte de Seu plano soberano.

II. O Julgamento Divino contra o Orgulho e a Idolatria:

  • O comportamento arrogante de Belsazar, profanando os utensílios sagrados do Templo de Jerusalém, é condenado por Deus.
  • A mensagem na parede serve como um aviso divino contra o orgulho e a idolatria, pecados que atraem o julgamento de Deus.
  • A morte de Belsazar e a queda da Babilônia são exemplos do julgamento divino sobre nações que se rebelam contra Deus.

III. A Importância da Humildade e da Reverência a Deus:

  • Daniel, em contraste com Belsazar, demonstra humildade e reverência a Deus.
  • Sua sabedoria e inteligência são reconhecidas e recompensadas por Deus, que o eleva a um posto de grande honra.
  • A história de Daniel nos ensina que a verdadeira grandeza vem de Deus e é alcançada através da humildade e da obediência.

Aplicações Práticas:

Devemos reconhecer a soberania de Deus em todas as áreas de nossas vidas.

É importante cultivar um coração humilde e reverente diante de Deus.

Devemos evitar o orgulho e a idolatria, que são pecados que atraem o julgamento divino.

Podemos buscar sabedoria e inteligência em Deus, que recompensa a fidelidade e a obediência.