BREVE HISTÓRIA DA HERMENÊUTICA ( I ).
Rev. João Ricardo Ferreira de França.
INTRODUÇÃO:
No estudo da Hermenêutica Bíblica
é necessário compreendermos os caminhos percorridos pelos primeiros intérpretes
da Palavra de Deus para a condição da hermenêutica atual.
Neste estudo observaremos uma
breve história da Interpretação com vista à compreensão dos processos e métodos
hermenêuticos existentes na atualidade; pois, somente uma caminhada na história
da interpretação poderá nos auxiliar no caminho a seguir para uma interpretação
segura da Palavra de Deus.
I – A INTERPRETAÇÃO
DO ANTIGO TESTAMENTO.
O Antigo Testamento é o primeiro
documento da Escritura Sagrada a exigir uma interpretação. Quando lemos Neemias
8. Neste trecho vemos que o povo que regressara do exílio babilônico não
compreendiam o que linha na Bíblia, por isso, Neemias e Esdras providenciaram
os Targums que significa aqueles que
explicam o texto.[1] E
assim temos o primeiro processo interpretativo para a comunidade pectual.
1.
A
Interpretação judaica no inicio da era Cristã:
Nos primórdios da era Cristã os
rabinos judeus tendiam a seguir duas abordagens básicas para se detectar o
sentido do texto sagrado.
a)
O Peshar:
É conhecido como o sentido “claro”
ou “simples” que deriva a ideia de sentido literal ou sentido histórico do
texto.
b)
O Remaz: Conhecido
como sentido oculto da lei mosaica[2],
dentro desse conglomerado. Havia também o sentido conhecido como derush termo geralmente usado para
descrever o processo da exegese. O termo pode ser compreendido a partir da
língua hebraica, no uso da palavra vr:*d< (derash)
que tem uma gama de significados entre os quais temos: “tirar informações,
indagar, procurar, buscar, preocupar-se, examinar, inquirir, pesquisar, exigir;
ansiar” [3]
e aqui denota “o estudo intenso, ou exame do sentido de uma passagem”.[4]
2. A Interpretação Rabínica
Na interpretação rabínica
desenvolveu-se grandes coleções de escritos interpretativos que no período
cristão passou a ser conhecidos como o Mishnah,
o Gemara e o Talmude.[5]
Para nossos propósitos didáticos iremos apresentar apenas as regras de
interpretação do famoso rabino Hillel:[6]
Regra 1: Inferência do
sentido mais brando para o mais forte.
Isto seria basicamente o que fazemos em filosofia dentro do silogismo. Partimos da premissa menor (o
sentido mais brando) para uma premissa maior (sentido mais forte). O principio
hermenêutico estabelecido é que aquilo que é verdade sobre o menor é igualmente
verdade para o sentido maior.
P.e. Levando em consideração que o Sábado é mais
importante do que outros dias festivos,
e aquilo que possa ser restrito no dia de Sábado era ainda singularmente mais
aplicável ao dia de Sábado.
Regra 2: Analogia de
expressões: As ambiguidades de passagens bíblicas eram superadas quando se
fazia referências às expressões semelhantes dentro do corpo canônico.
P.e – A passagem de Levítico 16.29 diz que os judeus deveria
afligir a alma no dia da expiação e
forma desse “afligireis a vossa alma” foi interpretada como um abster-se
da comida com base na analogia da passagem de Deuteronômio 8.3 que usa a mesma
expressão em referência ao estar com fome.
Regra 3: Aplicação por
analogia com uma cláusula ou a extensão do específico para o geral.
Um principia geral era construído sobre a base de um
ensinamento contido num versículo.
P.e. O caso de um homicídio culposo (sem a intenção)
conforme descrito em Deuteronômio 19.
Regra 4: Aplicação por analogia com duas cláusulas.
Isto significa que duas cláusulas
bíblicas servem de base para um principio geral. Por exemplo, vemos em Êxodo
21.26-27. Nesta passagem lemos que se um escravo viesse a ter um “dente” ou um
“olho destruído” este mesmo princípio deverá ser aplicado as outras partes do
corpo.
Regra 5: Inferência de
um princípio geral par um caso ou exemplo específico. Essa regra pode ser
usada de duas maneiras – do geral para o específico ou vice-versa.
P.e O que é dito em Êxodo 22.9 – “qualquer coisa” pode ser
aplicado a qualquer coisa que foi tomada por empréstimo e perdida e que deve
ser reembolsada.
Regra 6: Explicação de
outra passagem
O uso de
outra passagem para explicar a primeira passagem com vista a elucidação. Por
exemplo, se o cordeiro pascoal deveria ser abatido caso o dia da páscoa caísse
em sábado? Segundo esse princípio Números 28.10 fala de “sacrifícios diários” e
por isso, o cordeiro deveria se sacrificado para a páscoa não importando o dia
para isso.
Regra 7: Aplicação de
uma inferência evidente por si só em um texto.
Esta regra
lembra que nenhuma declaração deve ser tomada de modo isolado, mas somente à
luz do seu contexto.
II – A INTERPRETAÇÃO
DO NOVO TESTAMENTO.
Neste momento o nosso estudo se
ocupará em lidar com as questões relacionadas com a interpretação
neotestamentária desde a forma como o Novo Testamento interpreta o Antigo até
as avaliações interpretativas deste segundo testamento.
Antes de tudo devemos lembrar que
há “224 citações diretas do Antigo Testamento dentro do Novo Testamento”.[7]
Cristo fez bom uso do Antigo Testamento através de seus ensinos (Marcos 2.25-28
e João 7.23; João 10.34-36).
Paulo também faz bom uso no
Antigo Testamento no Novo Testamento. Vemos ele valer-se de uma alegoria para
referir-se a relação que o Cristão tem com a Lei conforme lemos em Gálatas
4.24-31.
No capítulo 10.1-6 de 1ª
Coríntios encontramos Paulo fazendo aplicação de eventos históricos-redentivos
como uma alusão à Cristo bem como referência ao novo momento que a Aliança se
aplica à igreja. E ainda em Gálatas 3.29 Paulo argumenta que Cristo é o Messias
baseando seu argumento na distinção entre singular e plural da palavra semente
– ou descendente.
III – A INTERPRETAÇÃO NA PATRÍSTICA
Uma fonte bastante
interpretativa na História da Interpretação é certamente os escritos dos pais
apostólicos. Por questões de espaço iremos apresentar, de forma lacônica, as
ideias gerais das escolas de interpretação deste período:
3.1 – A Escola de
Alexandria:
Para esta
escola de interpretação as Escrituras deveriam ser interpretadas alegoricamente.[8]Trata-se
de uma das escolas mais antigas de interpretação.[9]
O pai dessa escola de interpretação foi Clemente de Alexandria, ele “acreditava
que as Escrituras ocultavam seu verdadeiro significado a fim de que fossemos
inquiridores, e também porque não é bom que todos a entendam”.[10]
Virkler lembra-nos que Clemente de Alexandria “ desenvolveu a teoria de que
cinco sentidos estão ligados à Escritura (histórico, doutrinário, profético,
filosófico, e místico), com as mais profundas riquezas disponíveis somente aos que
entendem os sentidos mais profundos.”[11]
O principio da alegorização se difundiu neste período que era quase impossível
um escritor deste tempo não interpretar valendo-se dessa escola.
Ressaltamos
também que o conceito “de que a verdade se encontra alegoricamente oculta além
da letra e da realidade visível”[12]
era dominante neste escola interpretativa, ou seja, o sentido natural e simples
da passagem não era considerado a verdade clara. Vejamos um exemplo da
interpretação alegórica de Gênesis 22.1-4 em Clemente de Alexandria:
Quando, no terceiro dia, Abraão
chegou ao lugar que Deus lhe havia indicado, erguendo os olhos, viu o lugar à
distância. O primeiro dia é aquele constituído pela visão de coisas boas; o
segundo é o melhor desejo da alma; no terceiro a mente percebe coisas
espirituais, sendo os olhos do entendimento abertos pelo Mestre que ressuscitou
no terceiro dia. Os três dias podem ser o mistério do selo (batismo) no qual
cremos realmente em Deus. É, por consequência, à distância que ele percebe o
lugar. Porque o reino de Deus é difícil de atingir, o qual Platão chama de
reino de ideias, havendo aprendido de Moisés que se tratava de um lugar que
continha todas as coisas universalmente. Mas Abraão corretamente o vê à
distância, em virtude de estar ele nos domínios da geração, e ele é
imediatamente iniciado pelo anjo. Por esse motivo diz o apóstolo: "Porque
agora vemos como em espelho, obscuramente, então veremos face a face",
mediante aquelas exclusivas aplicações puras e incorpóreas do intelecto.[13]
Entretanto, o maior expoente da
escola de interpretação alegórica foi Orígenes. Ele “é o membro mais destacado da escola Alexandrina, e é ele quem
afirma de forma mais completa e adequada os princípios da alegorização cristã”[14].
Ele sustentava a ideia de que cada parte da Escritura é alegórica. Ele entendia
que o sentido literal é “valioso, mas algumas vezes obscurece o sentido
primário, que é o espiritual. O literal é para os iniciantes, mas o espiritual
é para os maduros na fé.”[15]
Virkler nos lembra:
Orígenes acreditava que
assim como o homem se constitui de três partes — corpo, alma e espírito — da
mesma forma a Escritura possui três sentidos. O corpo é o sentido literal, a
alma o sentido moral, e o espírito o sentido alegórico ou místico. Na prática,
Orígenes tipicamente menosprezou o sentido literal, raramente se referiu ao
sentido moral, e empregou constantemente a alegoria, uma vez que só ela
produzia o verdadeiro conhecimento.[16]
Esse sistema interpretativo foi construído sobre a
doutrina da correspondência, onde um elemento natural e físico nas Escrituras
(sentido natural claro) é acompanhado de um elemento ou acontecimento análogo à
realidade espiritual.[17]
3.2 – A Escola de Antioquia.
Havia uma escola que se
fazia oposição ao alegorismo alexandrino que ficou conhecida como Escola de
Antioquia. O verdadeiro fundador desta escola foi provavelmente Luciano de
Samosata. Outras acham que fora o Presbítero Diodoro o fundador da famosa
escola. Entretanto, há dois fundamentais representantes desta escola de
interpretação: Theodoro de Mopsuéstia e João Crisóstomo. Virkler sumariza para
nós a distinção entre as duas escolas de forma bastante lacônica:
Teodoro de Mopsuéstía (c. 350—428),
defendiam com o maior zelo o princípio da interpretação histórico-gramatical,
isto é, que um texto deve ser interpretado segundo as regras da gramática e os
fatos da história. Evitavam a exegese dogmática, asseverando que uma
interpretação deve ser justificada por um estudo de seu contexto gramático e
histórico, e não por um apelo à autoridade. Criticavam os alegoristas por
lançarem dúvida na historicidade de muita coisa do Antigo Testamento[18]
Esta escola
rejeitou a interpretação alegórica também fez a distinção entre o gênero
alegórico e a interpretação alegórica; explicou os textos cristológicos do
Antigo Testamento por meio da interpretação tipológica baseada nos padrões
regulares das Escrituras, buscavam a intenção autoral como o sentido natural
das Escrituras[19].
Ressaltamos que os Reformadores se identificaram com esta escola de interpretação.
3.3 - A Escola do Ocidente.
Na
patrística temos uma escola de interpretação ocidental que é conhecida como a
mais eclética (ela vale-se tanto dos princípios dos alexandrinos quanto dos
antioquianos). Segundo Kaiser a importância desta escola se dá exatamente
porque nela se insere a autoridade da
tradição na interpretação bíblica[20]
como algo importante a ser considerado. Os principais representantes desta
escola são Hilário, Ambrósio e, especialmente, Jerônimo e Agostinho.
Agostinho
desenvolveu princípios hermenêuticos importantes em sua obra De Doctrina Christiana. Nesta importante
obra ele ressaltou a necessidade de um sentido literal como sendo a base
essencial para o sentido alegórico. Mas, ele mesmo não hesitou em usar o método
alegórico de forma livre. Quanto uma passegem necessitava deu análise decisiva
ele apelava para a regula fidei (regra
de fé), que de acordo com o próprio Agostinho é conjunto de doutrinas da
igreja. Aqui a tradição começa a ganhar força na interpretação das Escrituras.
Vale ressaltar
que a Bíblia e a tradição (vista como o testemunho da Igreja) devem andar
juntas, nos precisamos ouvir a ambas ou como coloca sabiamente um autor reformado
presbiteriano:
A Bíblia
sozinha seria a religião dos protestantes. O problema e que a Bíblia nunca esta
sozinha. O próprio Calvino, que falou da autoridade da Bíblia nos termos mais
elevados, sempre leu-a e ouviu-a segundo as tradições. Sua revisão litúrgica
foi feita de acordo com as praticas da Igreja Antiga, o mesmo sucedendo com a
organização eclesiástica por ele desenvolvida[21]
Agostinho fez
com que a tradição se avultasse sobre as Escrituras de forma prejudicar a interpretação da mesma. Queremos
deixar claro que podemos ler a Bíblia com as tradições, o problema encontra-se
quando as tradições estão se opondo a Bíblia. A Igreja é a coluna e baluarte da
verdade (1 Tm.3.15). E vivemos uma época em que a historia da igreja (que funciona
como testemunho para nós) tem sido negligenciada, mais uma vez Leith nos
adverte para isso:
Os protestantes
têm sido sempre tentados a crer que, de alguma forma, podem ignorar todos os séculos
da historia crista, estudando a Bíblia sem ajuda e os embaraços dos que os
antecederam. Na verdade, porem, aqueles que se recusam a ler a Bíblia a luz das
tradições da Igreja acabam sendo dominados pelas suas próprias tradições
históricas e culturais[22]
Agostinho
também seguiu, infelizmente, o método chamado de quadriga. Que consistia em compreender que as Escrituras possuíam
um sentido quádruplo:
1. Histórico;
2. Etiológico (uma investigação da origem e das causas); 3. Analógico e 4.
Alegórico. Este método surgiu com João Cassiano sobre a cidade Jerusalém ele
ensinou: Jerusalém literalmente significa
a cidade dos Judeus; alegoricamente Jerusalém é a igreja (Salmos 46.4-5); Tropologicamente , Jerusalém é a alma
(Salmos 147.1-2,12); e, anagogicamente,
Jerusalém é nosso lar celestial (Gálatas 4.26). O próprio Cassiano reconhecer
que o sentido da quadriga não se aplicava a todos os textos das
Escrituras, e enfatizava a busca pelo sentido natural e literal do texto
sagrado.[23]
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
1.
ANGLADA, Paulo
Roberto Batista. Introdução à
Hermenêutica Reformada. Ananindeua: Knox, 2006
2. GRANT, Robert.;
TRACY, David. A Short History of the Interpretation
of the Bible USA: Fortress Ress,1984
3.
KAISER JR,
Walter. C.; SILVA, Moisés. Introdução à
Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009
4.
LEITH, John. A
Tradição Reformada – Uma Maneira de ser a Comunidade Cristã. São
Paulo: Pendão Real, 1999
5.
LOPES, Augustus
Nicodemus. A Bíblia e Seus Intérpretes. São
Paulo: Cultura Cristã, 2004
6. NICOLE, Roger. New Testament Use Of The Old Testament
in: Carl F. H. Henry - REVELATION AND THE BIBLE Contemporary Evangelical
Thought.
7.
SCHWANTES,
Milton. Dicionário de Hebraico-Português
& Aramaico-Português. São Paulo: Vozes e Sinodal, 2003, p.51.
8.
VIRKLER, Henry A.
Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987
[1] KAISER JR, Walter. C.;
SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica
Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.204.
[2] Idem
[3] SCHWANTES, Milton. Dicionário de Hebraico-Português &
Aramaico-Português. São Paulo: Vozes e Sinodal, 2003, p.51.
[4] LOPES, Augustus Nicodemus.
A Bíblia e Seus Intérpretes. São
Paulo: Cultura Cristã, 2004, p.51
[5] KAISER JR, Walter. C.;
SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica
Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.204.
[7] NICOLE, Roger. New Testament Use Of The Old Testament in: Carl F. H. Henry -
REVELATION AND THE BIBLE Contemporary Evangelical Thought , p.137.
[8]KAISER JR, Walter. C.;
SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica
Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.211.
[9] ANGLADA, Paulo Roberto
Batista. Introdução à Hermenêutica
Reformada. Ananindeua: Knox, 2006 ,p.27.
[10] VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987, p. 44.
[11] Idem.
[12] LOPES, Augustus
Nicodemus. A Bíblia e Seus Intérpretes. São
Paulo: Cultura Cristã, 2004, p.51
[13] VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987, p. 44.
[14]GRANT, Robert.; TRACY, David. A Short History of the Interpretation of the
Bible USA: Fortress Ress,1984, p.56
[15] LOPES, Augustus
Nicodemus. A Bíblia e Seus Intérpretes. São
Paulo: Cultura Cristã, 2004, p.132.
[16] VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987, p. 44.
[17] KAISER JR, Walter. C.;
SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica
Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.212.
[18] VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada. São Paulo: Vida, 1987, p. 46.
[19] ANGLADA, Paulo Roberto
Batista. Introdução à Hermenêutica
Reformada. Ananindeua: Knox, 2006 ,p.61
[20] KAISER JR, Walter. C.;
SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica
Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.214
[21] LEITH, John. A
Tradição Reformada – Uma Maneira de ser a Comunidade Cristã. São
Paulo: Pendão Real, 1999, p. 20
[22] Idem.
[23] KAISER JR, Walter. C.;
SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica
Bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.214.
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