IGREJA PRESBITERIANA
DE RIACHÃO DO JACUÍPE – BA.
CURSO DE IDENTIDADE
PRESBITERIANA
CONHECENDO A CONFISSÃO DE FÉ DE
WESTMINSTER.
Rev. João Ricardo
Ferreira de França.
ESTUDO
03:
A Suficiência e Clareza das
Escrituras
Introdução:
No estudo hoje vamos considerar o tema da Suficiência
e da Clareza das Escrituras Sagradas. No primeiro aspecto veremos o tema da
suficiência e a extensão dessa suficiência das Escrituras; e no segundo momento
nos concentraremos na doutrina da perspicuidade (clareza) da revelação de Deus
encerrada nas páginas da Bíblia.
A fé “Reformada afirma que as
Escrituras Sagradas constituem-se numa regra completa de fé e prática. Num
manual completo de doutrina, práticas eclesiásticas e vida cristã”.[1]
A Escritura regula toda a vida e molda a piedade do crente e nestes aspectos é
simplesmente clara.
I – O QUE É O SOLA
SCRIPTURA?
A resposta mais simples e clara que
podemos oferecer a esta pergunta é que o “Sola
Scriptura ensina que a Bíblia regula a vida em sua totalidade”[2]
O Dr. Paulo Anglada nos diz que com a “redescoberta da doutrina da suficiência
das Escrituras, os reformadores libertaram o povo de Deus das doutrinas e
práticas impostas às consciências por autoridade meramente humana”[3]. Todavia, uma definição ampla e
clara do que a doutrina significa é apresentada por Brain M. Schwertley quando
diz:
Dito resumidamente, a doutrina protestante do sola
scriptura ensina que a Bíblia (os 66
livros do Velho e do Novo Testamento) é a divina Palavra inspirada de Deus, e, portanto,
infalível e absolutamente autoritativa para todos os assuntos referentes à fé e
à vida. Como palavra escrita de Deus contém tudo o que existe da revelação
sobrenatural de Deus, e porque cessaram todas as formas de revelação direta
(com a morte dos apóstolos e o fechamento do cânon), apenas e somente a Bíblia
é a autoridade da igreja. Porquanto a Escritura é clara (i.e., todo ensino
necessário à salvação, fé e vida, são facilmente compreendidos pelas
pessoas comuns) não há necessidade de
quaisquer fontes adicionais de autoridade para interpretar a Bíblia
infalivelmente para a igreja. A igreja (sejam ou não papas, cardeais, bispos,
pais da igreja, concílios eclesiásticos, sínodos ou congregações) não tem
autoridade sobre a Bíblia, mas a Escritura autoautenticada tem autoridade
absoluta sobre a igreja e sobre todos os
homens. Por ser o que a Bíblia é (como já visto), o mister da igreja é puramente ministerial e proclamador.
Todos os homens são proibidos de
acrescentar ou subtrair algo das Sagradas Escrituras, seja pelas tradições humanas, ou pelas assim
chamadas novas revelações do Espírito,
ou pelos decretos de concílios e sínodos. A Bíblia é suficiente e perfeita e
não necessita de quaisquer acréscimos humanos. Além do que, apenas aquilo que é ensinado na Escritura pode
ser usado para tornar cativas as
consciências dos homens. [4]
II – O SOLA E O TOTA
SCRIPTURA (CFW 1. VI)
- Definindo
o Tota Scriptura:
A confissão de Fé de Westminster
sustenta que tudo o que nós precisamos saber sobre como glorificar a Deus e
tudo relacionado à nossa vida, fé e salvação está nas páginas das Escrituras. De
acordo com Fred Klooster, “este ponto de vista a respeito da Escritura como
‘única e completa’ (sola e tota Scriptura)
é exclusivamente reformado. ”[5]
É bom lembrar que “as Escrituras não contêm todas as informações a respeito da
criação, da natureza, do universo, ou mesmo da história”.[6] Mas,
tudo o que ela declara é suficiente e
abrangente em matéria de fé e piedade religiosa. (2ª Timóteo 3.15-17)
- O
Sola Scriptura e as Novas Revelações:
A nossa declaração de fé diz:
“[...]À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas
revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; [....]”. Em
nossos dias temos visto uma referência ao pentecostalismo e à tradição
carismática. Se pessoas sustentam que recebem novas revelações elas estão se
colocando contra a suficiência das Escrituras Sagradas. Paulo é bem enfático ao
falar sobre isso em Gálatas 1.8-9. Também aqui rejeitamos as tradições dos
homens O nosso Senhor Jesus ensinou isso em Marcos 7.4-9. Os homens tentam
invalidar a palavra de Deus pela tradição que sustentam. Isso é atentar contra
a doutrina da suficiência das Escrituras.
- O
Sola Scriptura e a doutrina da iluminação do Espirito Santo.
A confissão também nos ensina que
apenas o Espírito Santo capacita ao homem a ter uma “salvadora compreensão” da
mensagem registrada na Escritura Sagrada. É o Espírito quem capacita ao homem a
compreender e crer na verdade revelada (João 6.45; 1ª Coríntios 2.9-12)
- O
Sola Scriptura e as questões Indiferentes
No final desta seção
é que a CFW trata das questões indiferentes associadas à duas esferas: culto e
sociedade. A primeira questão que a confissão se detém é a questão do culto,
sustenta-se aqui que há:
- Circunstâncias de culto: ou
seja, que há coisas que precisam ser observadas pela luz da natureza e
prudência cristã que devem regular as circunstâncias: P.e. Pode-se fazer
um culto debaixo de um pé de árvore, mas é prudente?
- Que o Governo da Igreja: deve
ser orientado pela palavra - qual exemplo de governo a Bíblia apresenta
para a Igreja?
Os puritanos, pais da Confissão,
asseguram que nestes aspectos as regras gerais da Palavra de Deus devem ter
sempre a primazia (1ª Coríntios 11.13-14; 1ª Coríntios 14.26,40).
III – A CLAREZA DAS
ESCRITURAS (CFW. 1.VII)
A doutrina protestante da
Perspicuidade das Santas Escrituras ensina que naquilo que Deus seja que o
homem saiba é compreensível ao homem; entretanto, nem tudo é acessível ou claro
a todos os homens, isso é muito claro na Palavra de Deus (2ª Pedro 3.16);
entretanto, aquilo que o homem precisa conhecer para sua caminhada na fé e
redenção é evidente nas Escrituras Sagradas. Duas verdades decorrem dessa
declaração:
- Nem
tudo é evidente a todos por causa da condição homem.
a)
Todos nascemos no pecado: Sl 51:5 – Gerado pelo pecado o homem nasce
propenso a interpretar o mundo que lhe cerca pelas lentes de sua própria
pecaminosidade que se insere e instala desde a sua concepção.
b)
Todos nascemos desviados: Sl 58:3 – Ao nascer o homem é uma
mentira completa, pois, vive desviado e mergulhado em mentiras, logo, obscurece
toda a verdade de Deus.
c)
Sabemos que tudo depende da
soberania de Deus:
Mateus 11.25 – o Senhor Jesus ora a Deus, o Pai porque nem tudo é revelado aos
homens porque assim não foi do agrado dEle.
d)
Todos
os homens são obscurecidos de
entendimento. Ef 4:18 – E por fim, o homem no pecado tem os olhos de seu
coração mergulhados em trevas profundas, por isso, as Escrituras não lhe são
realmente claras.
3
. A Própria Palavra declara a sua clareza: As Escrituras usam imagens significativas que
apontam para sua clareza.
a)
Uma Lâmpada: Salmos 119.105.
b)
Fonte de Revelação: Salmo 119.130.
c)
Um véu removido: 2ª Coríntios 3.14
d)
Um Lampião: 2ª Pedro 1.18-19
Questionário
1)
Defina
com suas palavras o Sola Scriptura.
2)
O
que quer dizer “Tota Scriptura?”
3)
Explique
este texto de Marcos 7.4-9.
4)
As
novas revelações são outro evangelho? Fundamente sua resposta à luz de Gálatas
1.8-9.
5)
Quais
as razões pelas quais as escrituras não são claras a todos os homens?
6)
O
que ensina a doutrina da clareza das Escrituras?
7)
Quem
capacita o homem a compreender a mensagem salvadora das Escrituras?
8)
Que
razões podem justificar a ausência de clareza das Escrituras a todas as
pessoas?
9)
Quais
figuras a Bíblia apresenta para demonstrar sua clareza?
10) Você concorda com tudo o que
preceitua essas duas sessões da Confissão de Fé?
[1] ANGLADA,
Paulo. Sola Scriptura – A Doutrina
Reformada das Escrituras. São Paulo: Os Puritanos, 1998, p.73.
[2] SCHWERTLEY, Braian. M. Sola Scriptura e o Princípio Regulador do Culto. Tradutor: Marcos
Vasconcelos. São Paulo: Editora os Puritanos, 2001, p.12
[3] ANGLADA,
Paulo R. B. Sola Scriptura – A Doutrina
Reformada das Escrituras. São Paulo: Editora Os Puritanos, 1998, p.73.
[4]
SCHWERTLEY, Braian. M. Sola Scriptura e
o Princípio Regulador do Culto. Tradutor: Marcos Vasconcelos. São Paulo:
Editora os Puritanos, 2001, p.1.
[5] Apud¸ BEEKE, Joel. R. Vivendo para a Glória de Deus – Uma
Introdução à Fé Reformada. Tradutor: Francisco Wellignton Ferreira. São
Paulo: Editora Fiel, 2010, p. 150
[6] ANGLADA,
Paulo. R.B. Sola Scriptura - A Doutrina Reformada das Escrituras. São
Paulo: Editora os Puritanos, 1998, p.74.