A NATUREZA DA ORAÇÃO
Rev.
João França.
“PERGUNTA 178 - O QUE É ORAÇÃO? –
RESPOSTA: Oração é um [santo] oferecimento de nossos desejos a Deus, em
nome de Cristo e com o auxilio do Espírito, e com a confissão de nossos pecados
e um grato reconhecimento de suas misericórdias ”
INTRODUÇÃO:
Vivemos
em um mundo que não quer conversar mais com Deus. Os relacionamentos nos dias
hoje são informatizados, são tecnocráticos, e a oração tem sido relegada a um
plano bem inferior da comunicação. Esta semana é uma semana que estaremos
estudando sobre oração, conhecendo mais sobre este assunto a luz dos padrões
confessionais de nossa igreja. Na nossa aula de hoje vamos considerar a
natureza da oração.
I – O QUE É ORAÇÃO?
Geralmente as
pessoas definem oração como sendo uma conversa com Deus. E às vezes nos
perguntamos como pode alguém ignorar a oração, se ela é uma conversa com Deus?
Sproul diz que “a oração é o segredo da santidade”[1] O Breve Catecismo de
Westminster nos diz que a oração é “um santo oferecimento a Deus de nossos
desejos”; então, oração e santidade estão relacionadas! Não devemos nos
esquecer deste princípio.
Oração
é oferecimento. Oferecemos nossas necessidades a Deus, nossas vidas, nossos
sonhos, nossos projetos tudo que o temos e o que somos estão sempre diante de
Deus em oração. Em outras palavras a oração “tem um lugar vital na vida do
cristão”[2] lembre-se que na oração expressamos
confiança em Deus e derramamos diante dele nosso coração: “Confiai nele, ó povo, em todo tempo; derramai
perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio. (Salmos. 62:8 ARA)”.
II – A ORAÇÃO É TRINITÁRIA.
Outro
aspecto importante que devemos estudar sobre a natureza da oração é que ela é
trinitária em sua formulação e apresentação. O catecismo Maior de Westminster
declara que a oração é um oferecimento ao Pai, em nome
do Filho e com o auxílio do Espírito Santo. A dimensão trinitária é
quase desconsiderada na prática da oração. Nos esquecemos que na oração nos
digerimos primeiramente ao pai conforme vemos em Mateus 6.9 “Portanto, vós orareis assim: Pai
nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
(Mat 6:9 ARA)” .
Na
dimensão da oração oferecemos a Deus pai nossas necessidades urgentes e
certamente ele nos ouve. Isto nos fala do cuidado paternal de Deus sobre seus
filhos que recorrem à oração com súplicas ao pai.
A
dimensão da oração trinitária envolve também a Pessoa do Filho. O catecismo
ressalta que oração deve ser e [...em nome do Filho] isto nos fala da
obra mediadora de Cristo Jesus na oração. O próprio senhor Jesus ensinou sobre
isso quando tratou da dinâmica da oração conforme lemos em João 14.13-14: “13 E
tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja
glorificado no Filho. 14 Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.
(João. 14:13-14 ARA)”. As nossas
orações são aceitas porque nós temos um mediador pactual, e este, é o Senhor
Jesus Cristo; o evangelho de João deixa isso muito claro no capítulo 16.13-14:
“Naquele dia, nada me perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo: se
pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la concederá em meu nome. 24 Até agora
nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria
seja completa. (João 16:23-24 ARA)”
A terceira dimensão da
oração trinitária é o auxílio do Espírito Santo. Nesta dimensão somos
relembrados pelo Catecismo Maior de que ainda que não saibamos como orar, o Espírito Santo sempre assiste ao
crente que ora a Deus. Esta é uma grande dúvida de nosso povo; muitos se
encontram tímidos em orar porque acham que não sabe orar, como o pastor, como o
presbítero ou como o diácono; mas, na verdade, a Palavra de Deus nos ensina que
ninguém sabe orar de um modo aceitável a Deus, a não ser que seja socorrido, ou
na linguagem bíblica assistido pelo Espírito Santo. Este ensino é claro também
na palavra de Deus em Romanos 8.26: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza;
porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós
sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. (Romanos 8:26 ARA)”.
III – A ORAÇÃO TEM UMA DUPLA NATUREZA GERAL
O catecismo
apresenta-nos a dupla natureza geral da oração: (a) uma oração de Confissão; (b)
é uma oração de gratidão. Toda oração do cristão envolve estes dois elementos
importantes.
Ao se aproximar do senhor em oração
estamos cônscios de que devemos oferecer nela: “a confissão de nossos pecados”
conforme aprendemos na oração do Senhor “perdoa-nos” (Mateus 6.12). Sabendo que ele é “fiel e justo” para nos perdoar
(1ª João 1.9). Thomas Ridgley, em sua obra A Body of Divinity [O corpo
da Divindade] que é o primeiro comentário escrito sobre o Catecismo Maior de
Westminster, sobre esta questão 178 declara:
É necessário insistir nisso, na medida em que somos obrigados a obedecer à vontade revelada de Deus; não obstante, por causa de nossa depravação e fraqueza, nada podemos fazer de bom sem sua ajuda, o que não é de se esperar, a menos que seja humildemente desejado por ele; e isso é o que geralmente chamamos de oração; que sendo realizado por criaturas que não são apenas indigentes, mas indignas, isso deve ser reconhecido e, portanto, devemos, em oração, confessar o pecado como o principal fundamento e razão dessa indignidade. (RIDGLEY, 1815, Volume 4, p.234)
A segunda consideração
está na gratidão ou na linguagem confessional do catecismo: “ um
grato reconhecimento de suas misericórdias”. Na oração devemos
reconhecer as misericórdias do Senhor sobre nossas vidas, pois, são elas as causas de não sermos
conseguidos (Lamentações de Jeremias 3.22). Lembre-nos do que disse o salmista:
“Vamos à presença dele com ações de graças”(Salmos 95.2-3), ou como coloca-nos
Paulo em Timóteo: “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações,
intercessões e ações de graças por todos os homens”(1ª Timóteo 2.1)
CONCLUSÃO:
Que as nossas orações
refletiam estas verdades que aprendemos, pois, sabemos que a oração é um
oferecer a Deus de todas as nossas necessidades legítimas e desejos legítimos
diante de Deus. Compreendendo que o Deus Trino está a atender as nossas oraçãos
que revelam nossa necessidade da graça perdoadora bem como um coração grato
diante de Deus.