O texto de Daniel 5.1-12 nos traz
uma poderosa mensagem sobre a importância do arrependimento e da humildade
diante de Deus. Neste relato, somos apresentados a Belsazar, rei da Babilônia,
que organiza um grande banquete para seus nobres, usando os utensílios sagrados
do templo de Jerusalém que foram saqueados por seu antecessor, Nabucodonosor.
Essa nota de abertura no texto sagrado direciona e responde a questão do juízo divino
sobre o rei babilônico
A atitude de Belsazar revela uma
completa falta de respeito e temor a Deus, pois ele profana os utensílios
santos em um ato de orgulho e arrogância. Ao fazer isso, ele desafia
abertamente o Deus de Israel e mostra sua insensatez ao não reconhecer a autoridade
divina.
No entanto, a história toma um rumo
repentino quando uma mão misteriosa aparece e escreve palavras na parede do
palácio, revelando um terrível aviso de juízo contra o rei. Belsazar fica
aterrorizado e confuso, e seus nobres são incapazes de decifrar a mensagem.
É então que a rainha entra em cena
e lembra a Belsazar da presença de Daniel, um homem sábio e cheio do Espírito
de Deus. Daniel é chamado e, diante do rei assustado, ele interpreta a mensagem
escrita na parede: "MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM" que significa
"Tecel, Pesou e Dividiu". Essas palavras proféticas anunciam que os
dias de Belsazar estão contados e que seu reino será dividido e dado a outros.
Daniel também lembra o rei da queda de seu antecessor Nabucodonosor, que só se
humilhou diante de Deus após passar por um período de humilhação e
arrependimento.
O relato de Belsazar nos ensina
sobre a importância da reverência a Deus e da humildade diante de Sua
soberania. Mostra que a arrogância e a rebelião contra Deus só podem levar à
destruição e ao juízo. O exemplo de Belsazar nos lembra da necessidade constante
de nos arrependermos de nossos pecados e nos humilharmos diante de Deus,
reconhecendo Sua autoridade e buscando Sua misericórdia.
I. O PECADO DE BELSAZAR (DANIEL 5.1-4)
1. Descrição da festa profana de Belsazar:
O texto de Daniel 5.1-4 descreve a
festa profana que o rei Belsazar realizou em seu palácio, onde utilizou os
utensílios do templo para idolatria. Durante o banquete, o rei e seus
convidados beberam vinho em taças de ouro, prata, bronze, ferro, madeira e
pedra. Esse ato revela o desprezo de Belsazar pela santidade de Deus.
2. Significado teológico da profanação dos
utensílios do templo:
A ação de Belsazar de profanar os
objetos dedicados ao culto a Deus demonstra uma clara rebelião contra o Senhor
e Sua santidade. Os utensílios do templo eram destinados exclusivamente para o
culto a Deus e não poderiam ser profanados de forma alguma. Ao desrespeitar
essa santidade, Belsazar desafiava a autoridade divina e zombava da santidade
de Deus, revelando seu orgulho e soberba.
3. Aspectos exegéticos do pecado de Belsazar:
É importante observar os termos
hebraicos relevantes nesse contexto, como "kadesh" (santidade) e
"kodesh" (santo), para entender a gravidade do pecado de Belsazar. A
palavra "kadesh" denota a santidade de Deus e Sua separação do
pecado. Ao profanar os utensílios do templo, Belsazar violava essa santidade e
desrespeitava a presença de Deus em sua vida e nação.
Versículo 4:
- וְהַלְלִין
לֵאלָהֵי דַהֲבָא וְכַסְפָּא נְחָשָׁא פְרִזְלָא אִעָא וְאָבְנָא:
- וְהַלְלִין (wəhallîn): "e louvavam"
- לֵאלָהֵי (lēʼālāhê): "aos deuses"
- דַהֲבָא (ḏahabā): "de ouro"
- וְכַסְפָּא (wəḵaspā): "e prata"
- נְחָשָׁא (nəḥāšā): "de bronze"
- פְרִזְלָא (pərīzlā): "de ferro"
- אִעָא (ʼiṣā): "de madeira"
- וְאָבְנָא (wəʼabnā): "e pedra"
- O
versículo 4 apresenta Belsazar e seus convidados louvando deuses feitos de
materiais inertes (ouro, prata, bronze, ferro, madeira e pedra).
- A
repetição da preposição ל (le) antes de cada material reforça a
idolatria e a ênfase em deuses falsos.
Análise Teológica:
- O
versículo 4 revela a idolatria e a arrogância de Belsazar, que exalta
deuses impotentes enquanto ignora o Deus verdadeiro que detém o controle
sobre sua vida e reino.
- A
ênfase nos materiais inertes dos deuses falsos contrasta com a soberania
do Deus vivo, que possui poder sobre a vida e o destino do rei.
4. Consequências da profanação e rebelião de
Belsazar:
A festa profana e o desprezo pela
santidade divina levaram Belsazar à ruína e ao juízo de Deus, como descrito no
restante do capítulo 5 de Daniel. Essa história serve como um poderoso lembrete
da importância de respeitar e reverenciar a santidade de Deus em nossas vidas,
para evitarmos a rebelião e as consequências do pecado.
II. A intervenção divina (Daniel 5.5-9)
A. O aparecimento da mão escrevendo na parede [vs.5-6]
5 No mesmo instante apareceram dedos de mão de homem
e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o
rei via a parte da mão que estava escrevendo.
No momento em que Belsazar e seus
convidados estavam profanando os utensílios do templo, uma mão divina apareceu
e começou a escrever na parede. Este evento sobrenatural chamou a atenção de
todos os presentes e gerou um grande temor e perplexidade. A manifestação da
presença de Deus de forma visível deixou claro que Ele estava intervindo na
situação de desrespeito e blasfêmia que estava ocorrendo. No uso inadequado dos
utensílios consagrados para a sua adoração exclusiva.
6 Então, mudou-se o
semblante do rei, e os seus nobres ficaram atónitos.
A presença da mão escrevendo na
parede provocou uma reação imediata no rei Belsazar e em seus convidados. O
semblante do rei mudou-se, demonstrando claramente seu temor e perplexidade
diante da intervenção divina. Seus nobres também ficaram atônitos diante da
manifestação sobrenatural, percebendo a gravidade da situação que estavam
enfrentando.
B. O terror e desespero de Belsazar e seus
convidados [v.7-8]
7 O rei gritou com voz forte
que se introduzisse os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores; e falou o
rei, dizendo aos sábios de Babilónia: Qualquer que ler esta escritura e me
declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, e levará uma cadeia de
ouro ao pescoço, e no reino será o terceiro senhor.
Diante do terror e desespero
causados pela mão escrevendo na parede, o rei Belsazar gritou imediatamente
ordenando a presença dos sábios da Babilônia. Ele prometeu grandes recompensas
àquele que conseguisse ler e interpretar a escrita misteriosa, demonstrando sua
ansiedade em buscar uma explicação para o ocorrido. O rei estava determinado a
obter uma resposta rápida para acalmar seu coração perturbado e o de seus
convidados.
8 Entraram, pois, todos os
sábios do rei, mas não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua
interpretação.
Apesar da grande expectativa criada
pelo rei, os sábios de Babilônia foram incapazes de ler a escrita na parede e
de interpretar seu significado. Mesmo com toda sua suposta sabedoria e
conhecimento, os sábios não foram capazes de decifrar a mensagem divina. Isso
apenas intensificou o terror e desespero de Belsazar e de todos os presentes,
que agora se viam diante de um sinal claro da intervenção divina, mas sem
compreender seu propósito.
C. A incapacidade do rei em interpretar a escrita [v.9]
9 Então o rei Belsazar muito
se perturbou, e se lhe mudou o semblante; e os seus nobres se perturbaram.
Diante da incapacidade dos sábios
em interpretar a escrita na parede, o rei Belsazar ficou muito perturbado e seu
semblante mudou-se ainda mais. O desespero e a agonia tomaram conta do rei e de
seus nobres, que agora se viam diante de uma situação para a qual não tinham
resposta. A intervenção divina trouxe à tona a limitação e fragilidade do rei e
de sua corte, que perceberam sua impotência diante do Deus todo-poderoso que se
manifestava de forma incontestável.
Neste trecho de Daniel 5.5-9, vemos
a intervenção divina de forma clara e impactante, demonstrando o poder e a
soberania de Deus sobre os reinos da Terra. O aparecimento da mão escrevendo na
parede, o terror e desespero de Belsazar e seus convidados, e a incapacidade do
rei em interpretar a escrita nos mostram que não há sabedoria humana ou poder
terreno que possa resistir à manifestação do Deus todo-poderoso. Diante de Sua
intervenção, somos confrontados com nossa fragilidade e dependência absoluta do
Senhor.
III. A mensagem divina de juízo (Daniel 5.10-12)
A. A recomendação de chamar Daniel para interpretar
(v. 10)
No versículo 10, vemos que a
rainha-mãe, ao ouvir o desespero do rei Belsazar diante da escrita na parede,
recomenda que Daniel seja chamado para interpretar o que foi escrito. Note o
que diz o versículo 10: “A
rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei e aos seus grandes, entrou
na casa do banquete e disse: Ó rei, vive eternamente! Não te turbem os teus
pensamentos, nem se mude o teu semblante.(Dan 5:10 ARA)” Essa recomendação revela a confiança da
rainha-mãe na sabedoria e capacidade de Daniel para decifrar mensagens divinas.
É importante notar que o rei Belsazar, mesmo tendo à sua disposição uma série
de sábios e adivinhos, reconhece a superioridade de Daniel quando se trata de
interpretar sonhos e visões. Porém, esse reconhecimento vem após a sua mãe lhe
mostrar que haveria uma solução segura para aquele impasse!
B. A recordação dos feitos
de Nabucodonosor (v. 11)
Conseremos agora o verso 11: “Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses
santos; nos dias de teu pai, se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria
como a sabedoria dos deuses; teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei,
o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros, (Dan 5:11 ARA)”
Aqui no verso 11, a rainha-mãe
lembra a Belsazar dos feitos grandiosos realizados por Nabucodonosor, seu
antecessor. Ela destaca como o rei Nabucodonosor foi exaltado e honrado por
Deus devido à sua humildade e reconhecimento da soberania divina. Esse lembrete
serve como um contraste ao orgulho e arrogância de Belsazar, que desafiou
abertamente o Deus dos céus ao profanar os utensílios do templo e se exaltar
contra Ele.
C. A advertência de que o rei seria julgado pelo seu
orgulho e pecado (v. 12)
Voltemo-nos para o verso 12: “porquanto espírito excelente, conhecimento e
inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos
difíceis se acharam neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar;
chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação. (Dan 5:12 ARA)”Aqui no
verso 12, a rainha-mãe adverte Belsazar de que ele seria julgado pelo seu
orgulho e pecado diante de Deus. Ela destaca como Nabucodonosor foi humilhado e
desonrado por Deus devido à sua soberba e falta de temor ao Senhor. Essa
advertência serve como um aviso claro para Belsazar de que ele também
enfrentaria as consequências de suas ações desrespeitosas e blasfemas contra o
Deus dos céus.
CONCLUSÃO:
A passagem de Daniel 5.1-12 nos
apresenta a história do rei Belsazar e sua festa profana, onde ele cometeu o
grave erro de profanar os utensílios sagrados do templo, demonstrando assim seu
desprezo pela santidade de Deus. Esse pecado não passou despercebido aos olhos
do Senhor, que interveio de forma poderosa e miraculosa durante a festa,
enviando uma mensagem escrita nas paredes que deixaram todos ali presentes
aterrorizados e desesperados.
A intervenção divina nesse episódio
nos revela a soberania e o poder absoluto de Deus sobre todas as coisas. Mesmo
diante do terror e do desespero do rei Belsazar e de seus convidados, eles se
viram incapazes de interpretar a escrita nas paredes, mostrando assim a
limitação e fraqueza humana diante do poder divino.
A mensagem escrita nas paredes era
a palavra de juízo de Deus sobre o rei Belsazar, advertindo-o de que ele e seu
reinado seriam julgados pelo seu orgulho e pecado. A recomendação de chamar
Daniel para interpretar a mensagem divina revela a importância de buscar a
sabedoria e orientação de Deus em todas as situações, especialmente nos
momentos de crise e desespero.
Essa passagem nos ensina sobre a
importância de reverenciar e respeitar a santidade de Deus em todas as nossas
ações e decisões, lembrando-nos de que Ele é o Juiz supremo que governa sobre
todos os reinos e impérios deste mundo. O orgulho e a arrogância do rei
Belsazar o levaram à sua ruína, servindo como um alerta para todos nós sobre os
perigos da soberba e da desobediência aos mandamentos divinos.
Aplicações:
1. Devemos cultivar uma postura de
reverência e respeito diante da santidade de Deus, evitando profanar as coisas
sagradas e desobedecer aos seus mandamentos.
2. Precisamos reconhecer a
soberania e o poder absoluto de Deus sobre todas as coisas, buscando a sua
orientação e sabedoria em todas as situações de nossa vida.
3. Devemos aprender com os erros do
rei Belsazar, evitando cair na armadilha do orgulho e da arrogância que podem
nos levar à ruína e ao juízo divino.
4. Não devemos desprezar as
advertências e mensagens de Deus, mas sim buscar entendimento e interpretação
através da sua Palavra e da comunhão com Ele.
5. Devemos sempre lembrar dos
feitos grandiosos de Deus em nossa vida e na história da humanidade,
reconhecendo a sua fidelidade e justiça em todos os momentos.
Rev. João Ricardo Ferreira de França
Pastor da Igreja.