IGREJA PRESBITERIANA
DE RIACHÃO DO JACUÍPE – BA.
CURSO DE IDENTIDADE
PRESBITERIANA
CONHECENDO A CONFISSÃO DE FÉ DE
WESTMINSTER.
Rev. João Ricardo
Ferreira de França.
ESTUDO
02:
O Cânon e a Autoridade das
Escrituras
Introdução:
Neste estudo estaremos estudando um tema de capital
importância para o resgate de nossa identidade confessional se faz necessário
conhecermos a formação da Revelação Especial de Deus; esta formação nós
chamamos de Cânon, que por sua vez, indica o nosso padrão de crença; em outras
palavras a Escritura Sagrada é Cânon de nossa fé e dentro desse processo
lidamos também com o tema da autoridade das Escrituras Sagradas.
I – A DOUTRINA DO CÂNON CONSIDERADA
(CFW.I, 3)
1. A Definição do Cânon:
A
palavra “cânon” é uma mera transliteração do termo grego “kanw,n” –
kanôn – que significa vara reta, régua, regra. É uma palavra
usada com referência para indicar a autoridade suprema da Bíblia sobre a vida
dos cristãos. Ou seja, refere-se aos livros que compõem a Bíblia conforme
conhecemos.[1]
Uma definição mais lexical nos informa que a origem da palavra “cânon” é
derivada
de
uma raiz semítica [assírio Qanû; ugarítico:Qn; hebraico: hn<q;)( (Qâneh) ocorre 61
vezes no Antigo Testamento e é sempre empregada no sentido literal (veja-se 1
Rs 14.15; Jó 40.21; Is
36.6; 42.3; Ez 40.3,5,7), significando ‘cana’ (planta que era usada para medir
e pautar) “balança” (Is.46.6) e também ‘a cana para trançar os cestos, ou
bastão reto[2]
Esta palavra “Cânon”
indica a nossa regra, o nosso limite e ainda mais, o nosso padrão; sendo todos
estes sentidos aplicados à Palavra de Deus. Os que formam a Bíblia, exceto os
livros apócrifos são a regra de nossa fé, o padrão que devemos sempre seguir.
2. Critérios para a
Canonicidade Bíblica:
Como saber se os
livros que temos em nossa Bíblia são de fato os livros que comunicam a
revelação de Deus. Quais critérios a Igreja usou para reconhecer os livros que traziam a revelação divina?
2.1 –
Critério da Apostolicidade: Se um
livro fosse escrito por um apóstolo, ou alguém ligado ao apóstolo deveria ser
tido e incluído na lista dos livros canônicos. P.e – O Evangelho de Marcos
estava ligado a pregação de Pedro.
2.2 - Critério
da Leitura Eclesiástica: Se um livro ou carta fosse lida pela maioria das
igrejas deveria ser incluído como um livro canônico, a prática da leitura
eclesiástica remonta-se ao período apostólico (Colossenses 4.16 e em 1 Timóteo
4.13).
2.3 - Critério
da Harmonia Doutrinária: Nem livro ou epístola poderia contradizer os
ensinos apostólicos já estabelecidos na igreja, se ocorresse tal contradição o
livro deveria ser considerado como um livro sem assinatura ou apócrifo; pois,
um livro apócrifo não tem autoridade na igreja de Deus porque contradiz
doutrinas bíblicas importantes.
II – A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS (CFW. I.4,5)
Uma
vez que o Cânon é formado, logicamente seu conteúdo se torna autoridade na vida
da Igreja de Cristo Jesus. Vale lembrar que a autoridade das Escrituras
“repousa na inspiração”[3]
o registro da revelação de Deus confere a autoridade à Palavra de Deus. O que
Esta doutrina significa? Significa que toda a Palavra de Deus conforme está
registrada é inerrante, e, não possui erros em nada do que se propõe dizer e
ensinar, por isso, deve ser aceita como autoridade suprema na vida e no culto
do povo de Deus.
1.
É
uma Doutrina Atestada por Cristo: Em qualquer
controvérsia ele usava a expressão “está escrito” indicando que a palavra final
deve ser dada a Palavra inspirada por Deus. (Mateus 4. 4,6,710) Cristo ao usar a
expressão “está escrito” usa um verbo grego “ge,graptai”
– gégraptai –é um verbo no perfeito
que indica uma ação contínua, significando “permanece escrito”, então, o Senhor
Jesus está apelando para a autoridade da Bíblia como fonte autorizada da
verdade. ”; todavia, o texto que podemos ver claramente a defesa da autoridade
bíblica provinda dos lábios de Cristo é aquele de João 10.35: “E a Escritura não pode falhar”.
No
texto de João 10. 35 nos chama a atenção o verbo “falhar” no grego temos “luqh/nai”- lythênai – é um verbo usado para
descrever a quebra do sábado (Lucas 13.16), a ideia é de quebrar, ser quebrada,
ou mesmo de ser diminuída a sua importância e valor. Cristo diz que toda a
Escritura é a autoridade na vida da Igreja.[4]
2.
É
uma Doutrina Atestada pelos Apóstolos: O Apóstolo Paulo atesta
sobre a autoridade da Palavra de Deus ao declarar que os crentes de
Tessalonicenses acataram a verdade por ele pregada, “não como palavras de
homens, mas como palavra de Deus”( 1 Tessalonicenses 2.13). E, ainda o Apóstolo
Pedro reconhece os escritos de Paulo como escritos cheios da autoridade do
próprio Deus, ao colocar as cartas de Paulo no mesmo patamar das “demais
Escrituras” (2 Pedro 3.15-16)
3.
É
uma doutrina incitada pelo testemunho da Igreja: O
testemunho que a igreja tem oferecido sobre a Palavra de Deus pode nos conduzir satisfatoriamente
para a doutrina da autoridade bíblica. Como se dá esse testemunho?
3.1 – Na experiência
Apostólica: O apóstolo Pedro fala-nos disso em seu
2ª epístola no capítulo 1.19-21. Ele no começo do texto nos informa que teve
uma experiência com o Cristo ressurreto no monte da transfiguração. E termina
incitado à igreja que se apegue à palavra profética. E assim, ratifica o
conceito autoritativo das Escrituras na vida da Igreja.
3.2 – Na própria
suficiência da Palavra de Deus: 2 Timóteo 3.16. A
Escritura é útil para:
Ensinar = “διδασκαλίαν ”[didaskalian] – a escritura é a nossa escola.
Repreender = “ἐλεγμόν”{elegmon} – indica que a escritura nos capacita para refutar o erro.
Corrigir = “ἐπανόρθωσιν”[epanorthosin] – aponta para a ideia de colocar na linha, deixar
reto.
Educar
= “παιδείαν”
[paideian] – Treinamento, instrução e
disciplina
4.
O
Testemunho Interno do Espírito Santo aponta para a autoridade das Escrituras:
Não importa a quantidade de evidências que se apresente ao cético ou incrédulo
para que creiam na autoridade das Escrituras, a Confissão de Fé de Westminster
nos lembra que apenas o Espírito Santo pode oferecer plena certeza da
autoridade das Escrituras. Um dos grandes defensores desta verdade foi John
Owen, teólogo puritano, que “pressupunha uma afinidade e correspondência
diretas entre a mente divina e a mente humana, de forma tal que Deus é capaz de
falar conosco por meio de palavras, e nós, dentro dos limites de sua própria
auto-revelação, podemos compreendê-lo em nossos pensamentos.”[5]
Como isso ocorre?
4.1
–
O Espirito Santo Guia a Igreja: O Espírito Santo é
quem guia a Igreja na verdade e pela verdade isso nós aprendemos na Palavra de
Deus em João 16.13-14. O papel do Espírito Santo não deixar a Igreja na
ignorância mas guiá-la pra a luz da verdade do evangelho de Deus. Ele nos
capacita a crermos nas Escrituras. Como nos diz Packer citando John Owen: “O
Espírito Santo iluminou nossas mentes, produziu em nós a fé, capacitando-nos a
crer nas Escrituras”[6]
4.2 –
O Espírito Santo é Mestre da Igreja:
Paulo em 1 Coríntios 2.10-12, um dos objetivos do Espírito Santo que nos foi
outorgado [dado] é que venhamos conhecer mais e mais a revelação de Deus nas
Escrituras. Este é o ensino cristalino da Palavra de Deus sobre a Autoridade da
Sagrada Escritura e relação com o Espírito Santo.
Questionário:
1)
O
que significa a palavra Cânon?
2)
Quais
critérios foram usados pela igreja para estabelecer o cânon que possuímos?
3)
Segundo
a Confissão de Fé de Westminster como devem ser empregados os livros apócrifos?
Explique.
4)
Onde
repousa a autoridade das Escrituras Sagradas?
5)
A
doutrina da autoridade das Escrituras é fruto do fundamentalismo cristão?
Justifique sua resposta:
6)
Como
a igreja nos incita à crença na autoridade das Escrituras?
7)
Como
o Espírito Santo testifica em favor da Autoridade das Escrituras?
8)
Você
subscreve as declarações estudadas nestas seções da CFW?
[1] ANGLADA,
Paulo R. B. Sola Scriptura – A doutrina
Reformada das Escrituras. São Paulo: Os Puritanos, 1998, p.33-34.
[2] COSTA,
Herminstem Maia Pereira da. Inspiração e
Inerrância das Escrituras. São Paulo: Cultura Cristã, 1998, p.18-19
[3]PACKER,
James I. Vocábulos de Deus. São
Paulo: FIEL, 2002, p.33.
[4]
SCHWERTLEY, Braian. O Modernismo e a
Inerrância Bíblica. Tradutora:
Denise Meister. Recife: Os Puritanos, 2000, p.30-31
[5] PACKER,
J.I. Entre os Gicantes de Deus – Uma
Visão Puritana da Vida Cristã. São Paulo: Editora fiel,1996, p.88.
[6] Ibid, p.100.