SALMO 100 - APRENDENDO A RENDER GRAÇAS AO SENHOR
Rev. João Ricardo Ferreira de França
Introdução:
O
salmo que temos diante de nós é um salmo bastante conhecido. Não existe cristão
que não o conheça. O livro de Salmos é o mais importante do Antigo Testamento.
O que significa o título deste livro? “A Bíblia Hebraica simplesmente chama o
Livro dos Salmos, tehillim, em
hebraico "Louvores".”[1]Kraus
nos lembra que os judeus que “falam hebraico ou aramaico, o ‘saltério’, que
conta com 150 salmos, conhecem o livro pelo “título de ~yLihiT. (tehillîm) =
‘cânticos de louvores’, ‘cânticos de adoração’, ‘hinos’.[2]
Muitos
ignoram que o Saltério é a formação de cinco livros (Liv. I cap.1-41; Liv II cap. 42-72; Liv III cap. 73-89; Liv. IV
cap.90-106; Liv.V cap.107-150).]
Este salmo é um cântico de
triunfo do nosso Deus. Alguns tem sugerido que este poema foi composto para “a
companhar a apresentação de uma oferta em ações de graças ao Senhor”[3] Na
igreja primitiva, o salmo 100 era usado para as orações matutinas, e com o
passar do tempo ele foi usado para chamar o povo a adoração. Este salmo pode
ser estruturado em três ideias fundamentais:
1.
Convite para adoração (vs. 1-3)
2.
Convite para a gratidão (vs.4)
3.
A razão para a gratidão (vs.5)
Consideremos:
I – O CONVITE PARA ADORAÇÃO
(vs.1-3)
O escritor deste salmo inicia a sua
poesia de forma bastante interessante. Ele começa com uma informação importante.
Este poema trata-se de um “מִזְמ֥וֹר ” [ salmo] ele é litúrgico! Foi feito para
ser cantado. As palavras inicias deste salmo são parecidas com o as do salmos
98.4 “Celebrai com júbilo ao SENHOR, todos os confins da terra; aclamai, regozijai-vos
e cantai louvores.
1.
Convite missiológico:
Percebemos
que o convite é missiológico, ele é universal. Uma vez que Yahweh é o senhor do
universo inteiro, ele tem o direito de chamar toda a sua criação ao culto, ou
seja para louvá-lo.
“celebrai”
[הָרִ֥יעוּ (hari’u)]. Aqui o sentido é de
estar disposto para louvar e presta-lhe honra.
2.
É um convite para o culto: No verso 2 temos o poeta
diz “servi” no hebraico temos a palavra “עִבְד֣וּ (‘iveru)" que pode ser
traduzida por “culto”, pois, esta palavra possui uma gama de significados:
a.
Pode indicar a ação de um escravo “servo”[Jeremias 34.14 – “Ao
fim de sete anos, libertareis cada um a seu irmão hebreu, que te for vendido a
ti e te houver servido seis anos, e despedi-lo-ás forro; mas vossos pais não me
obedeceram, nem inclinaram os seus ouvidos a mim.”]
b.
O exercício dos súditos em relação ao soberano [Jeremias 27.7
- Todas as nações servirão a ele, a seu
filho e ao filho de seu filho, até que também chegue a vez da sua própria
terra, quando muitas nações e grandes reis o fizerem seu escravo. ]
c.
O serviço prestado ao Senhor [Êxodo 23.25 - E servireis ao
SENHOR vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do
meio de vós as enfermidades. ]
As nações gentílicas são aqui convocadas pelo salmista
a adorarem aquele que é soberano; e isso começa com o culto que nós prestamos;
o culto tem como alvo nos preparar para sermos missionários. Como? Anunciando e
convocando as nações para o culto, para a celebração pactual, daí o nome divino
ser enfatizado neste salmo [יְהוָ֣ה ]
Mas, como deve ser este culto? Como deve ser este servi
ao Senhor? A resposta ainda está aqui no verso 2 – “servi ao senhor com
alegria” ou como diz o hebraico “בְּשִׂמְחָ֑ה - em
alegria”. O
culto ao senhor deve ser jubiloso! Devemos serví-lo com o coração alegre;
obedecer com alegria as suas leis! Suas ordenanças, seus preceitos e tudo
aquilo que ele requer que façamos devem ser feito com alegria. E entrar na sua
presença com louvor. No original aqui o sentido é estar diante de sua face com
louvor, a palavra “פָנָ֗יו ” que significa
literalmente: “face ou rosto”, aqui indica que nossa atitude litúrgica deve ser
alegre porque estamos diante de Deus em toda a celebração pactual; a nossa
tradução diz que devemos entrar na presença de Deus com um hino, na verdade o
original declara que devemos entrar com “um grito de alegria”. Um louvor alegre
diante dele!
3.
É um
convite para conhecer ao Senhor: O convite para a adoração envolve a ideia
de se convidar os homens para conhecer a Deus. Conforme vemos no verso 3: “Sabei
que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e
rebanho do seu pastoreio.”
Aqui o
imperativo do verbo “conhecer” [דְּע֗וּ ] foi traduzido por “saber”, o que está
aqui em voga é a ordem de Deus! Mas o que significa conhecer a Deus aqui? Equivale
a confessá-lo, a amá-lo. Precisamos conhecer a Deus, pois, somente assim
poderemos a amá-lo de forma desinteressada, sem baraganhas, amá-lo simplesmente
porque ele é o nosso Deus; por que precisamos conhecer a Deus?
- Porque foi ele quem nos criou
- Porque ele nos fez seu povo
- E nos tornamos por sua vontade, suas
ovelhas e ele é o nosso Pastor supremo!
O Salmista
reflete sobre a soberania de Deus. Primeiro, revelando que nos fez “עָ֭שָׂנוּ (ashanu)” o sentido é fazer manufaturado; Deus é criador do
seu povo; a doutrina da eleição se vê claramente no texto, pois, nos dize que “foi
ele quem nos fez, e dele somos (Salmos 100:3 ARA)” .
II – O CONVITE PARA AÇÕES DE GRAÇA (vs.1,
4)
Agora devemos nos lembrar que este salmo é um convite para a agradecer a
Deus. Nós estamos aqui nesta noite para agradecermos a Deus. Porque sabemos que
este salmo é um salmo de agradecimento. Primeiro porque o primeiro verso deste
salmo nos indica isso “מִזְמ֥וֹר לְתוֹדָ֑ה (mizemor letodah)” que lit. significa “melodia para sacrifico de ações de graça” isso o coloca entre os
salmos de ações de graça. O termo “תוֹדָ֑ה”
não está precisamente claro, será que trata-se do sacríficio de ações de
graças?
1
Esta é a lei das ofertas pacíficas que alguém pode oferecer ao SENHOR. 12
Se fizer por ação de graças, com a oferta de ação de graças trará bolos asmos
amassados com azeite, obreias asmas untadas com azeite e bolos de flor de
farinha bem amassados com azeite. 13 Com os bolos trará, por sua
oferta, pão levedado, com o sacrifício de sua oferta pacífica por ação de
graças. 14 E, de toda oferta, trará um bolo por oferta ao SENHOR,
que será do sacerdote que aspergir o sangue da oferta pacífica. 15
Mas a carne do sacrifício de ação de graças da sua oferta pacífica se comerá no
dia do seu oferecimento; nada se deixará dela até à manhã.
(Lev 7:11-15 ARA)
Ou será que se trata do cântico de ações de graças? Ou ainda trata-se da
liturgia de ações de graças[4],
a resposta certamente encontra-se aqui no verso 4: “4 Entrai por
suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de louvor;
rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome. (Salmos. 100:4 ARA)”
Temos aqui um convite para a adoração cheia de gratidão diante do senhor.
Há um imperativo para se achegar ao ato de adoração “בֹּ֤אוּ (bob’u)” “venham para entrar” – entrem! Aqui figura-se aqui a
ideia dos sacerdotes nas portas dos átrios (Templo ? ou Tabernáculo?)
conclamando todo o povo à adoração!
Entrar pelas portas, pode se referir, exatamente a entrar pelos portões
do templo. Os que entram no templo e se apresentam em seus átrios são encorajados
a chegar-se com jubilosa gratidão diante do Senhor.
III
- O MOTIVO PARA A GRATIDÃO (vs.5)
O
poeta termina oferecendo as bases da gratidão a Deus. As razões são sumarizadas
aqui no texto de forma ímpar. Por que você deve prestar um culto de gratidão a
Deus? Não porque tenha recebido alguma bênção provinda do Senhor! Não! O
motivo, a base de prestarmos um culto de gratidão é bondade de Deus! Deus é
bom!
O adjetivo hebraico “ט֣וֹב ”
[tov] aponta para a bondade intriseca
do ser divino. Deus é supremamente bom, por isso, merece culto, adoração e atos
de ações de graça! A segunda motivação que devemos deter para o ato de ações de
graça é a certeza do “amor eterno de Deus”, a palavra hebraica “חַסְדּ֑וֹ (haseddo)” foi traduzida por “misericórdia”, na verdade aqui deveria
ser traduzida por “amor pactual” é uma amor que perdura e que será louvado
pelas gerações seguintes por causa da verdade “אֱמוּנָתֽוֹ (‘emunatho)” ou fidelidade. Aqui a
ideia é de que o amor de Deus é eterno, bem como a sua geração subsiste para
sempre.
EXCELENTE COMENTÁRIO!
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