“Paulo, apóstolo de
Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem em Éfeso e fiéis em
Cristo Jesus, raça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso
Pai, e do Senhor Jesus Cristo.” (Efésios 1.1-2)
Introdução: Ao
abordarmos esta Epístola, confesso francamente que tenho um senso de completa
incapacidade ao fazê-lo. Um escritor chegou a dizer que esta carta é a “coroa e
o clímax de toda a teologia Paulina”. E certamente não é uma descrição tola, ou
menos rica, mas descreve apropriadamente este grande livro que temos diante de
nós.
O tema geral da Epístola é proposto
logo aqui neste versículo. Isso é característico do Apóstolo Paulo. Veja, como ele se coloca como “Paulo, Apostolo
de Cristo Jesus, pela vontade de Deus” – ai está! O tema da epístola,
primeiramente e acima de tudo é Deus -
tudo vem a existência por causa da “dia. qelh,matoj qeou/”. O apóstolo sempre começa dessa
maneira, e é assim que todo o cristão deve começar ao estudar a revelação de
Deus na Bíblia.
A Bíblia é o livro de Deus, é uma
revelação de Deus e o nosso pensamento sempre deve começar com Deus. Do
principio ao fim, a mensagem da Bíblia é tem o propósito de nos levar de volta
para Deus, humilhar-nos diante de Deus e habilitar-nos a ver a nossa real
relação com ele.
A carta de Efésios nos coloca face a
face com Deus – ela salienta a glória e
a grandeza de Deus; vemos neste primeiro capítulo a tônica da glória de Deus
ser ecoada de forma única e singular. “eivj e;painon do,xhj auvtou/” – para o louvor de sua glória (vs.11). – o
que podemos aprender aqui nesta passagem das Escsirutras? Podemos aprender
sobre o supremo propósito de Deus; podemos aprender sobre a soberania de Deus.
Vejamos:
I – EM PRIEMEIRO LUGAR
CONSIDEREMOS A SOBERANIA DE DEUS DEMONSTRADA.
Notem como Paulo chega de imediato a
este ponto “Paulo, Apostolo de Cristo
Jesus, pela vontade de Deus” – Não por sua própria vontade! Paulo não
chamou a si mesmo, a igreja não o chamou; foi Deus mesmo quem o chamou. Ele é
apóstolo pela vontade de Deus. Ele expõe isso muito explicitamente. Há
certamente uma ênfase na soberania divina – o apostolo usa aqui no grego a
preposição “dia” – pela . que rege um
substantivo no caso do genitivo “thelematos
Theou” – que comunica a ideia de uma posse, de pertencente a alguém, mas
aqui especificamente indica a origem – o chamado de Paulo para pastorear a
igreja do Senhor nasceu na vontade soberana de Deus.
Quando analisamos e estudamos esta
epístola certamente que foi Deus quem
escolheu soberanamente cada cristão em Cristo Jesus.; foi Deus quem nos predestinou. Faz parte do supremo propósito de Deus
que sejamos salvos.
Toda esta epístola nos diz que devemos
sempre contemplar a salvação desta maneira. Não devemos partir de nós e depois acender
até Deus; mas devemos partir da soberania de Deus – em outras palavras não
devemos partir da falsa doutrina do livre-arbítrio, mas devemos partir da
soberania de Deus que anula o nosso orgulho e soberba!
II – EM SEGUNDO LUGAR CONSIDEREMOS
AS QUALIDADES DA VIDA CRISTÃ DESCRITAS AQUI.
Paulo
nos apresenta não somente os conceitos da soberiana de Deus nesta carta; mas
nos apresenta as qualificações dos cristãos que seguem e que são achados pela
vontade de Deus. Ele chama os crentes daquela cidade de “a`gi,oij”
–
este grande vocábulo grego nos ensina algo fundamental sobre o nosso
cristianismo.
Somos chamados por esta vontade de Deus
para sermos santos. Consagrados, separados do mundo – o sentido de ser separado
aqui não é ser alienado do mundo – mas o sentido é ser a diferença neste mundo
que nos cerca, não é ser santo apenas no domingo, ou transformar nossa religião
em algo privativo ao domingo, e nunca levar para a nossa vida, para a nossa
sociedade, faculdade, trabalho e família.
Note como Paulo aplica isso em nosso
texto ele diz – “aos santos que estão em
Éfeso”. Os crentes eram santos não nas quatro paredes do templo, mas eram
santos na cidade, que cultuava a deusa Diana. E é precisamente aqui que nos
precisamos manifestar este atributo de santidade de vida.
Em cada departamento de nossa vida
carecemos de uma vida digna diante de Deus e dos homens! A nossa vida consagrada a Deus é marcada
quando fazemos tudo pensando em Deus e para a glória de Deus.
A segunda qualidade que vemos ser
apresentada em nosso Texto é que os crentes são descritos como “fiéis em Cristo Jesus” – o termo aqui no
grego é “pistoi/j evn Cristw/| VIhsou/(” – o termo fiéis no
grego significa digno de confiança, alguém em quem se pode confiar, digno de credibilidade
– expressa do conceito do “sim, sim e não, não” – fidelidade. Esta é a
qualidade da vida cristã. Nós somos chamados pela soberana vontade de Deus para
sermos homens e mulheres fiéis, todavia, tal fidelidade não consiste de uma
disposição natural, mas note que deve ser em Cristo Jesus.
III – EM TERCEIRO LUGAR,
CONSIDERAMOS A GRAÇA DE DEUS.
Esta palavra graça é usada mais de
treze vezes nesta epístola. O apóstolo sempre a vive repetindo. No versículo
segundo ele coloca a frase inicial: “graça
a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.”
Este é o tema estupendo no qual somos
inseridos nesta carta como um todo. A estupenda graça de Deus para como o homem
pecador e providenciando para ele a salvação e redenção. Esta saudação aqui
comunica tudo isso! Paulo vai dizer “a riqueza da sua graça”(vs.7) – “kata. to.n plou/ton
th/j ca,ritoj auvtou/(” – kata ton plouton tes charistos autou – Aqui o termo graça que
aparece aqui “charis” era a saudação
comum dos gregos – onde apresentava a ideia de gratidão – notemos que no
conceito teológico indica o favor imerecido; gratuidade é exatamente isso que
descreve o termo. Ou seja, somos mais uma vez humilhados diante desta palavra –
graça! Tudo o que temos, tudo o que somos, tudo que seremos devemos a graça de
Deus, e nada mais, nenhuma participação humana; nada de esforço humano.
O segundo termo que completa esta
saudação é paz – “eivrh,nh” – uma
palavra urgente para os nossos dias! Sim dias em que os homens vivem em guerra,
estes conflitos são emocionais, familiares, relacionais e bélicos – o homem por
natureza é belicoso – ama fazer guerras, então, vem o evangelho de Cristo e diz
que devemos vê-lo como o príncipe da paz!
Esta saudação é significativa, pois, o
termo grego eirenê reproduz a
saudação dos judeus a shalom no
hebraico; ora, isso é importante, visto que para os judeus era impossível
dividir o mesmo espaço com um não Judeu – com um gentio, e neste caso em
específico – com os gregos de Éfeso. Notem, é na igreja onde relacionamentos
são curados, é na igreja onde o amor é demonstrado, ambos os povos – gregos e
judeus agora congregados devem viver unidos – e expressando isso mutuamente na
saudação paulina: Graça e paz!
O apóstolo nos apresenta a origem
destas duas virtudes fundamentais à sobrevivência do cristianismo! Sim a origem
é Deus Pai! Vejam: “a parte de Deus, nosso Pai” – “po. qeou/ patro.j h`mw/n”-
apo theou patros hemôn – Deus que é Pai nos congrega em
sua igreja para que gozemos de sua graça absoluta e soberana; ele como Pai que
é cuida de seu povo, dos seus eleitos, dos seus escolhidos – somos chamados
para sermos homens e mulheres resgatados pela graça e paz, marcados e selados
pelo amor de Deus Pai.
Deus é visto como o nosso Deus! Ele é o
objeto de nossos afetos, objeto de nosso culto. Objeto de nossa adoração – ele
é o nosso Deus. Paulo demonstra que Deus é o nosso pai amoroso. Porque ele é
infinitamente amor!
A graça e paz que reina na igreja
pertencem e tem origem “Senhor Jesus Cristo” – aqui o
apóstolo Paulo usas o termo “kuri,ou” – kyriou – do senhor – e descreve a realiza, a majestade e a soberania de
Cristo. Isto é importante, pois, em nosso tempo temos visto um Cristo
apresentado como simplesmente um salvador sem ser senhor! Não, ele deve ser
visto como nosso redentor, pois, ele assim é descrito como tal, todavia, ele
deve ser encarado como Senhor, como chefe sobre todos. Ou seja, ele é soberano
sobre a nossa vida.
O termo grego kyrios este substantivo aqui é traduzido pelo o termo Yahweh do Antigo Testamento – nome aplicado
exclusivamente a Deus, isso tem implicações sérias, nós servimos ao nosso
Senhor Jesus Cristo como nosso único Deus, nosso objeto de culto.
O nosso salvador, o nosso redentor é o
aquele que nos ama, nos salva, mas é também aquele que nos governa. Governa as
nossas vontades, a nossa existência e determina a nossa história.
Pelo
Reino,
Rev.João
Ricardo Ferreira de França.
Nenhum comentário:
Postar um comentário