O BATISMO CRISTÃO E O CULTO
Rev.
João Ricardo Ferreira de França.
Introdução:
O
tema que o nosso estudo neste momento se ocupa é deveras importante para a vida
do povo de Deus. O batismo cristão tem, ao longo dos anos, tomado uma variada
significação nos demais grupos cristãos e de diversas confissões. O Batismo é o
rito de ingresso na Igreja de Deus. E, por esta razão, as Igrejas cristãs o tem
em alta consideração pelo seu valor sacramental. Mas, o que é o Batismo
Cristão? A Confissão de Fé de Westminster no capítulo 28 seção 1 responde:
O
Batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus Cristo, não só
para a admissão solene do batizado na Igreja visível, mas também para
servir-lhe de sinal e selo do pacto da graça, de seu enxerto em Cristo; de sua
regeneração, ou remissão de pecados e de sua total entrega a Deus através de
Jesus Cristo, para andar em novidade de vida. Este sacramento, segundo a
ordenação do próprio Cristo, há de continuar em sua Igreja até ao final do
mundo.[1]
Esta definição nos coloca a
incumbência de tratarmos este assunto com uma profunda seriedade e reverência.
O que aprendemos, a partir desta definição, sobre Batismo?
I – O BATISMO É UM SACRAMENTO.
O Batismo Cristão não meramente um
rito de iniciação na comunidade cristã. Na verdade o Batismo Cristão é um
sacramento do Novo Testmamento.
1.1 – O que é um Sacramento?
O
Catecismo Maior responde:
Um sacramento é uma santa ordenança instituída por
Cristo em sua Igreja, para significar, selar e conferir àqueles que estão
no pacto da graça os benefícios da mediação de Cristo; para os fortalecer e
lhes aumentar a fé e todas as mais graças, e os obrigar à obediência; para
testemunhar e nutrir o seu amor e comunhão uns para com os outros, e para
distingui-los dos que estão fora.[2]
De forma sintética podemos dizer que eles são “sinais e selos
do pacto da graça.”[3] Ou
seja, “um sacramento ilustra ou simboliza
as promessas de Deus”.[4]
A palavra de Deus esta palavra sinal para descrever a intenção de chamar a
atenção para alguma coisa conforme vemos no Evangelho de João 2.11.
Devemos ainda ressaltar que os sacramentos tem como função selar as promessas de Deus. Indicando
assim a aprovação de Deus. A linguagem do selo nas Escrituras apontam para o
fato de aquilo que é sinalizado e selo é autêntico e indica nosso real
interesse em Cristo (Romanos 4.11).
1.2 – Os Sacramentos são sinais e selos
distintivos do Pacto da Graça.
Outra
verdade que precisamos ressaltar é que os sacramentos são marcas distintivas
administradas aos que abandonaram o mundo de pecado. Em outras palavras os
sacramentos fazem uma “diferença visível entre os que pertencem à igreja e o
restante do mundo”[5]
(Romanos 15.7,8) desde o Antigo Testamento esta distinção era indicada pelos
sacramentos instituídos pelo próprio Deus (Êxodo 12.48).
II
– O MODO DO BATISMO
O segundo tema
que nos ocupa neste estudo é quanto ao modo do batismo. Qual é a forma correta
de batizar alguém? Tem havido três formas de entendimento sobre este assunto:
Imersão, Efusão e Aspersão. Os modos efusão
e aspersão são tomados um pelo
outro, de sorte que, o mundo cristão, quanto a este particular, divide-se em
dois grupos: Os imersionistas e os
Aspersionistas.
2.1 – O uso dos Termos relacionados ao Bastismo:
Neste interesse particular devemos
tratar do termo Batismo conforme é empregado nas Escrituras Sagradas. Os que
defendem a Imersão como único modo válido de batizar alguém sustenta que o
termo “Batizar” significa “imergir”, e que por tanto, deve ser o único modo
aceitável para se praticar o Batismo Cristão.
Os termos gregos Baptw,
baptizw|/ e
batismouj empregados
na Bíblia não possuem sentido único e nem sempre significa submergir. Antes estes termos significam “derramar sobre, lavar,
limpar, tingir, manchar”.[6]
2.2
– Evidências bíblicas do Uso dos Termos:
Vejamos
agora o que de fato ensina as Escrituras Sagradas no uso destes vocábulos,
pois, apenas com a demonstração bíblica podemos estabelecer o uso do termo
Batizar e saber se o termo significa exclusivamente imergir.
a) Marcos
7.4.
PORTUGUÊS
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GREGO
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Quando
voltam da praça, não comem sem se aspergirem;
e há muitas outras cousas que receberam para observar, como a lavagem de copos, jarros e vazos de
metal e camas
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καὶ
ἀπὸ ἀγορᾶς, ἐὰν μὴ βαπτίσωνται,
οὐκ ἐσθίουσι· καὶ ἄλλα πολλά ἐστιν ἃ παρέλαβον κρατεῖν, βαπτισμοὺς ποτηρίων καὶ ξεστῶν
καὶ χαλκίων καὶ κλινῶν·
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Vemos aqui neste
texto que a tese de que o vocábulo batismo (βαπτισμοὺς) não significa exclusivamente imergir. Pode-se observar
que a palavra “aspergir” reproduz o vocábulo grego “βαπτίσωνται”- baptisontai
– que é uma outra forma do verbo “batizar” no grego. E o termo “lavagem” de
copos, jarros e camas é o vocábulo “βαπτισμοὺς”
– baptismous. Como imergir camas de
dormir?
b) Lucas
11.38.
PORTUGUÊS
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GREGO
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O
fariseu, porém, admirou-se ao ver que Jesus não se lavara primeiro, antes de comer
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ὁ
δὲ Φαρισαῖος ἰδὼν ἐθαύμασεν ὅτι οὐ πρῶτον ἐβαπτίσθη πρὸ τοῦ ἀρίστου.
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c) Hebreus
9.10
PORTUGUÊS
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GREGO
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sendo
somente, no tocante a comidas, e bebidas, e várias abluções, umas ordenanças da carne, impostas até um tempo de
reforma.
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μόνον ἐπὶ βρώμασι καὶ
πόμασι καὶ διαφόροις βαπτισμοῖς
καὶ δικαιώματα σαρκὸς, μέχρι καιροῦ διορθώσεως ἐπικείμενα.
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Neste texto aprendemos que os judeus
receberam o Batismo como algo que lhes foi imposto, e que tal é variado. O
termo abluções no grego é “βαπτισμοῖς”
[batismois]. Diante dos textos que
temos pode-se perceber que nenhum deles assegura a posição de que o vocábulo
Batismo signifique exclusivamente imergir; mas, parece indicar outra direção
quanto o sentido que o termo é usado nas Escrituras.
[1]
HODGE, A.A. A Confissão de Fé de
Westminster Comentada. Tradução: Valter Graciano Martins. São Paulo:
Editora os Puritanos, p.457.
[2]
Catecismo Maior de Westminster resposta
à pergunta 162.
[3]
Confissão de Fé de Westminster, Capítulo 27. Seção 1ª
[4]
LUCAS, Sean Michael. O Cristão
Presbiteriano – Convicções, Práticas e Histórias. Tradução: Elizabeth
Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.88.
[5]
Confissão de Fé de Westminster, Capítulo 27. Seão 1ª.
[6]
HODGE, Charles. O Batismo Cristão
Imersão ou Aspersão? Tradução: Sabatini Lalli. São Paulo: Cultura Cristã,
2003, p.9.